quarta-feira, 1 de julho de 2009

Entrevistando Seu Francisco – Sua Infância


Entrevistando Seu Francisco – Sua Infância.
francisco vaz brasil

(Uma entrevista prestada a um estudante de 4ª série do ensino básico)

Nome do entrevistado: Francisco Brasil, 55 anos.

Onde viveu a infância: São Luís, Maranhão.
De que costumava brincar: com carrinhos de madeira, futebol, pira, esconde-esconde, empinar papagaio, bandeirinha, barra bola, nadar no rio e pescar.

Como eram seus brinquedos: Os carrinhos eram caminhões feitos de madeira pintada à mão. Os papagaios eram feitos de papel de seda e talas de cipó. A bola era de borracha ou de seringa. As outras brincadeiras eram de correr. O barra-bola era com uma bola de borracha.

Um fato curioso: Espetar as bananeiras do quintal do Se Antonio, que ficava bem ao lado do quintal de nossa casa, para pegar bananas. Um outro fato foi uma carreira que tomei de um boi (um boi das festas juninas – um boi-bumbá – Eu invadi a casa de uma vizinha e lá me escondi.



Fui uma criança feliz. Minha casa era de enchimento e a cobertura no começo era de palha, depois telha de barro. A casa possuía um terreno grande e no quintal havia plantações de goiaba, amendoim, vinagreira, João Gomes (Caruru), feijão em vagem, cheiro verde, cebolinha, agrião, abóbora e outras plantas para remédios caseiros. Também eu ajudava a cuidar de um montão de galinhas. Meus pais eram muito trabalhadores.
Eu gostava de brincar de futebol, no quintal, pois havia espaço. Na rua, com os colegas, eu brincava de pira, de esconde-esconde, de barra-bola. Empinei muito papagaio e arraia (aqui é rabiola). Em minha infância não havia tanto fio elétrico para atrapalhar a brincadeira. Papai tinha duas canoas e eu passeei muito com ele. Eu ficava vermelho como um camarão, de tanto sol. Eu e papai pescávamos muitos peixes como Pescadinha, Bagre e Pacamão. Até um peixe-cobra eu peguei.
Minha casa ficava perto do Rio das Bicas e logo na curva havia uma praia. Havia um mangue e quando a maré baixava, eu pegava siri, com isca e côfo (paneiro). Eu gostava muito de ir à praia com papai e mamãe. Papai me colocava nas costas e nadava uns bons pedaços. Que Saudade! Que Saudade! E nos passeios de canoa, à noite, eu preparava o fogareiro e a mamãe assava os peixes bem fresquinhos, pegados na hora, que gostoso era!
Eu nunca mais vi meus colegas de infância. Quase todos eles eram pretinhos de cabelo bem sarará. São Luís possuía uma população de muita gente de pele escura – como a Bahia.
Eu andei de bonde com meus pais. Eu gostava de andar entre os trilhos do trem. Lá havia trem, com estação e tudo. Os trilhos tem um mistério muito grande. Não se sabe de onde vem e para onde vão. E eu ficava acompanhando aquelas paralelas até perder de vista. Visitei muitos lugares, com meus pais, como as praças Benedito Leite e João Lisboa. Ah que saudades eu tenho de minha infância já tão distante!
Eu quase esquecia de falar de meu avô Ezequiel, que me trazia melancias. Um dia ele teve que fazer umas coisas e esqueceu de trazer a melancia. Foi um senhor chororó. O meu avô era um barato!

Nenhum comentário: