A ESCOLA DAS DÉCADAS DE 50 À ATUAL.
" O aluno não vai à escola para tirar notas,
vai para aprender, para crescer, para se desenvolver."
Freinet, educador francês
“A escola visa formar o homem para o modo de vida
democrático, toda ela deve procurar, desde o início, mostrar que o indivíduo,
em si e por si, é somente necessidades e impotências; que só existe em função
dos outros e por causa dos outros; que a sua ação é sempre uma transação com
as coisas e pessoas e que saber é um conjunto de conceitos e operações
destinados a atender àquelas necessidades, pela manipulação acertada e adequada
das coisas e pela cooperação com os outros no trabalho que, hoje é sempre de
grupo, cada um dependendo de todos e todos dependendo de cada um”
Anísio Teixeira (O processo democrático de educação. Revista Brasileira de Estudos
Pedagógicos, Rio de Janeiro, v. 25, n. 62, p. 3-16, abr./jun. 1956)
A escola dos anos 50 e 60 é repleta de
recordações. Normalmente os alunos residiam próximo às escolas. Em muitas
cidades os bondes circulavam transportando principalmente trabalhadores. Os
guardas-civis faziam as rondas e faziam o papel de sinaleiros na organização do
trânsito. O pai trabalhava e a mãe cuidava dos afazeres domésticos e dos
filhos.
A escola das décadas de 50 e 60 tem
praticamente as mesmas características. Existia o curso primário (da 1ª à 5ª
séries), o ginasial (em 4 anos) e mais três anos onde o aluno escolhia entre os
cursos clássico, o de ciências biológicas (CB) e o de ciências matemáticas
(CM). Esta estrutura funcionou até os anos 70. Depois houve uma reforma no
ensino, passando para o ensino fundamental (da 1ª à 8ª séries) e o médio (três
anos).
Nas décadas de 50 e 60, a educação era tecnicista;
com ênfase no saber fazer, sem a reflexão sobre esse saber fazer. A Pedagogia
era tradicional, onde o professor era o centro do conhecimento, transmissor dos
conteúdos, enquanto os alunos eram meros receptores.
Naquela época o aluno não portava livros.
As aulas eram transcritas nos quadros-negros ou ditadas. Os erros e falhas eram
corrigidos com a palmatória durante as famosas sabatinas. E ainda havia os
quartos-escuros para punir quem infringisse a disciplina.
A disciplina em sala de aula deveria ser
mantida a qualquer preço e os castigos físicos, a palmatória, a genuflexão
sobre o milho, bem como as humilhações psicológicas, as famosas “orelhas de
burro” colocadas no aluno que ia mal, imitavam as relações autoritárias e
antidemocráticas existentes entre o poder e os seus súditos, assim como entre
pais e filhos. Este clima de terror era coroado com a famosa reprovação. O bom
professor, pasmem, era aquele que reprovava muitos alunos e a escola, bem como
o professor eram eximidos de qualquer responsabilidade pelo fracasso escolar.
Esse comportamento punitivo chegava mesmo às raias do exagero de reprovar um
aluno por um simples décimo, inviabilizando, muitas vezes, toda a vida escolar
futura de um jovem ou de uma criança.
A partir dos anos 70 já era evidente que
as escolas não poderiam continuar convivendo com relações pedagógicas tão
autoritárias como as até então existentes, herdadas de modelos pedagógicos
absolutamente ultrapassados.
Nas três últimas décadas do século XX, a
população brasileira “arrombou” as portas da escola. O crescimento das
matrículas foi estrondoso. No entanto, por mais esforços que alguns educadores
tenham feito, houve muita dificuldade em mudar a cultura dessa escola elitista,
autoritária, herdada das décadas passadas e serão usados todos os subterfúgios
e práticas para afastar os alunos do acesso ao saber. A mais avassaladora delas
será a reprovação, esta sim, o instrumento por excelência a serviço da
ignorância e da exclusão social. Nos idos dos anos 80, foram abundantes os
estudos e pesquisas mostrando os efeitos perversos e pouco producentes da
reprovação.
Assim, ao modelo de relação pedagógica autoritário, elitista e excludente, até então existente, irá contrapor-se um radicalmente novo, onde o ser que aprende - o aluno - passará a ser o centro do processo de aprendizagem que deverá estimular a participação, atividade, pesquisa e comportamento crítico. Educadores e estudiosos propuseram uma nova escola, uma escola democrática marcada por relações pedagógicas de inclusão, troca, respeito e estimulação. O aluno passou a ser respeitado, suas características bio-psicossociais consideradas no processo de planejamento, desenvolvimento e avaliação do ensino. Ao professor é atribuído o importante papel de mediador, facilitador do processo de aprendizagem, isto é, o de criar as condições necessárias e adequadas de exposição e apropriação do conhecimento pelos alunos. O papel do professor não será menos importante do que era no passado, mas implicará maior responsabilidade: zelar e garantir a aprendizagem do educando. Não basta ensinar. Condição necessária à função do professor será a de levar o aluno a aprender. Da mesma forma, a direção escolar e o sistema de supervisão do ensino passarão a ser solidariamente responsáveis com o professor pela garantia de aprendizagem das crianças e jovens.
Assim, ao modelo de relação pedagógica autoritário, elitista e excludente, até então existente, irá contrapor-se um radicalmente novo, onde o ser que aprende - o aluno - passará a ser o centro do processo de aprendizagem que deverá estimular a participação, atividade, pesquisa e comportamento crítico. Educadores e estudiosos propuseram uma nova escola, uma escola democrática marcada por relações pedagógicas de inclusão, troca, respeito e estimulação. O aluno passou a ser respeitado, suas características bio-psicossociais consideradas no processo de planejamento, desenvolvimento e avaliação do ensino. Ao professor é atribuído o importante papel de mediador, facilitador do processo de aprendizagem, isto é, o de criar as condições necessárias e adequadas de exposição e apropriação do conhecimento pelos alunos. O papel do professor não será menos importante do que era no passado, mas implicará maior responsabilidade: zelar e garantir a aprendizagem do educando. Não basta ensinar. Condição necessária à função do professor será a de levar o aluno a aprender. Da mesma forma, a direção escolar e o sistema de supervisão do ensino passarão a ser solidariamente responsáveis com o professor pela garantia de aprendizagem das crianças e jovens.
A nova lei da educação, a LDB de 1996
passou a garantir as diferentes formas de organização do ensino que ampliam as
possibilidades de avanço e respeito à aprendizagem dos alunos. Novas formas de
relacionamento no processo educacional foram introduzidas e, a escola, então
mudou.
Se antes o aluno apenas copiava, no século
XXI, os alunos passaram a pesquisar, a transportar livros e ter uma nova forma
de ver as coisas e a ter espírito crítico. Hoje, embora haja muita gente fora da
escola, o índice de analfabetismo tem sido reduzido drasticamente.
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