Ana Cristina César
Nada, Esta Espuma
Por afrontamento do desejo
insisto na maldade de escrever
mas não sei se a deusa sobe à superfície
ou apenas me castiga com seus uivos.
Da amurada deste barco
quero tanto os seios da sereia.
insisto na maldade de escrever
mas não sei se a deusa sobe à superfície
ou apenas me castiga com seus uivos.
Da amurada deste barco
quero tanto os seios da sereia.
E penso
a face fraca do
poema/ a metade na página
partida
Mas calo a face
dura
flor apagada no
sonho
Eu penso
A dor visível do
poema/ a luz prévia
Dividida
Mas calo a
superfície negra
pânico iminente do
nada.
Mocidade independente
Pela primeira vez
infringi a regra de ouro e voei pra cima sem
medir as
conseqüências. Por que recusamos ser proféticas? E
que dialeto é esse
para a pequena audiência de serão? Voei pra
cima: é agora,
coração, no carro em fogo pelos ares, sem uma
graça atravessando
o estado de São Paulo, de madrugada, por
você, e furiosa: é
agora, nesta contramão.
Queria falar da morte
e sua juventude me afagava.
Uma estabanada, alvíssima,
um palito. Entre dentes
não maldizia a distração
elétrica, beleza ossuda
al mare. Afogava-me.
e sua juventude me afagava.
Uma estabanada, alvíssima,
um palito. Entre dentes
não maldizia a distração
elétrica, beleza ossuda
al mare. Afogava-me.
(Ana Cristina
Cesar, in “A teus Pés”)
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