AS
MARAVILHOSAS LENDAS AMAZÔNICAS.
Maria de
Nazaré Mello Soares
Neste livro da pedagoga, escritora, poetisa
e roteirista paraense Maria de Nazaré Mello Soares, são
narradas em linguagem simples e clara e, concordando com os editores, “seus
textos são adaptados e exclusivos, (...) cuidadosamente elaborados para levar o
público a conhecer um pouco mais dos mitos, dos deuses, dos índios encantados e
animais fabulosos qye habitam o maravilhoso mundo das lendas amazônicas”
As oito lendas presentes na obra são
Muiraquitã, Çairé e Caititi, Mandioca, Priprioca, Tamba-Tajá, Cobra do Mato,
Curupira e Cobra Norato e Canini.
A seguir são narrados os principais
conteúdos destas lendas, com os personagens de cada uma delas:
Em A
Lenda do Muiraquitã, lindas e valentes guereiras Icamiabas ou Amazonas.
Viviam em uma região cheia de mistérios e riquezas de grande valor, que elas
defendiam. No começo da existência formavam uma tribo unida. Houve uma
discórdia entre pajés, daí a tribo se separou, determinando que as índias que
tivessem filhas, estas ficariam com as mães; se nascessem filhos, estes
ficariam com os pais. Realizavam uma festa
à deusa Lua Iaçã, uma vez por ano e aí permitiam a visita dos índios da
vizinha tribo dos Guacaris, jovens
guerreiros que adoravam o deus Sol. As Icamiabas se enfeitavam e perfumavam
para agradar seus belos convidados. A índia Itani teve a idéia de presentear
seu eleito, Tupinã. Mergulhou nas águas do rio, trouxe do fundo uma argila
verde e modelou com muito amor um sapinho, chamando-o de Muiraquitã. Construiu
um cordão e o pendurou no pescoço de seu eleito. Tupinã, partir daí passou a
ter muita sorte. As outras índias tentando também trazer sorte aos seus amados,
inventaram outros bichinhos presenteando-os. Mas o talismã mais conhecido por
trazer sorte é o Muiraquitã, um simpático sapinho verde.
A
Lenda do Çairé e Caititi ensina que os índios Tupis dominavam todas as terras
da Amazônia e cultuavam o deus do amor, Rudá, cuja imagem era a de um guerreiro
que residia nas nuvens do céu. As índias faziam pedidos a Rudá, para que este
criasse no amado os sentimentos de amor e paixão por elas. Rudá tinha dois
irmãos que lhe ajudavam em sua missão: Çairé, que morava na lua cheia e Caititi
que surgia na lua nova. Houve uma grande batalha e os índios ficaram muitos
dias longe da tribo. As índias apaixonadas, com seus cantos de dor e amor,
invocaram Çairé nas noites de lua cheia para que ele os procurasse. Quando
chegou a lua nova pediram a Caititi. Criaram uma canção que falava da saudade
de seus amados. Em plena noite de lua cheia os guerreiros voltaram e alegria
foi geral. Os índios relataram que na lua cheia, famintos e saudosos tinham
grande saudade e na lua nova a paixão aumentava e fazia com que ficassem
fortes, para voltar logo.As índias fizeram uma grande festa em homenagem ao
deus Rudá e como era noite de lua cheia, homenagearam Çairé, que iluminava a
festa. E a alegria de todos.
A
Lenda da Mandioca
também nasceu com os Tupis. Um casal desejava ter uma filha para completar sua
felicidade. Mas os tempos eram difíceis e difícil era conseguir comida. Tupã,
um dia atendeu-çhes o pedido. Nasceu uma indiazinha de pele muito branca e
magra, porém muito meiga, que conquistou a todos na tribo. Um dia, caiu doente
e morreu. Seus pais muito tristes enterraram-na na própria oca. Todos os dias
regavam o túmulo com água, que para os Tupis significava lágrimas de
saudade.Com o tempo, ali nasceu uma planta. A mãe, desesperada cavou e
encontrou umas raízes com cascas escuras e por dentro era branca como sua
menina. Chamaram a plantinha de Mani-oca em homenagem à criança. Tupã
transformou a raiz em alimento abundante para os índios, que passaram a chamar
a planta de Mandioca.
A
Lenda da Priprioca
conta que em uma tribo amazônica haviam índios muito sábios, de cultura bem
desenvolvida, pois faziam seus próprios remédios, porque tinham uma roça de
plantas mágicas e desconhecidas pelo resto da tribo. Somente o pajé conhecia
todos os segredos das plantas e ele tinha uma filha, Otiré, que observava as
misturas e rituais que o pai fazia. Piri-Piri era um belo e corajoso índio,
cobiçado pelas índias que sonhavam ser escolhidas por ele. Otiré também
desejava Piri-Piri e pediu ajuda ao pai que depois de muita insistência ensinou
a ela uma receita de encantamento. Otiré esperou a lua cheia chegar e foi à `oca
do amado enquanto ele dormia.Amarrou-lhe os pés com seus cabelos e pronunciou
uma palavras mágicas. Mas, com pressa, não pronunciou corretamente as palavras
ensinadas pelo pajé. Piri-Piri desapareceu sob uma fumaça de cheiro doce e
inebriante. Otiré ficou desolada. Tempos depois, sob a rede de Piri-Piri nasceu
uma planta desconhecida, com raízes muito perfumadas. Otiré fez uma
mistura, passou a usar no corpo e
chamou-a de Priprioca. Em noite de lua cheia Piri-Piri voltava e sua presença
era marcada pelo perfume. Otiré jamais conseguiu desvendar o segredo.
A
Lenda da Cobra do Mato, conta que em uma distante floresta do Pará, vivia Arato,
jovem guerreiro se apaixonou pela índia Moiguaçu, moça de comportamento
esquisito, filha da cobra grande, a boiúna que se transformava em mulher.e que
ninguém sabia. Arato não acreditava nos comentários do povo da aldeia, nem
seguiu os conselhos de sua mãe. Mas a beleza de Moiguaçu o deixava fascinado.
Marcou a data do casamento, e, perto do dia do casamento, Moiguaçu pediu como
presente um ouriço de tucumã encantado. Ele deveria entregar o tucumã a ela,
sem abri-lo. Arato remou e caminhou bastante, e encontrou a a bela e misteriosa
árvore indicada por Moiguaçu e logo tratou de procurar o tucumã. Ele o
encontrou e do caroço saiam sons estranhos como gritos. Teve medo e não o
abriu. Ao retornar, não percebeu um Urubu-rei que tentava a todo custo pegar o
coco. Arato espantou a ave. Ao chegar à margem resolveu, por curiosidade abrir
o tucumã. Bateu com força em uma pedra. Uma forrte fumaça tomou conta do lugar
e, bem diante dele surgiu uma cobra grande com o rosto de Moiguaçu, que lhe
avisou de seu destino. Na lua cheia Arato iria se transformar em uma cobra e
que reinaria nas matas com ela.
Conta A
Lenda do Curupira que dois caçadores gostavam de caçar aves raras e bichos
em extinção e depois de aprisioná-los os levavam ao mercado para vender. Certo
dia, quando estavam com muitas aves raras para venda encontraram um velho índio
que já vivia há tempos entre os brancos. O índio os aconselhou para que
parassem pois um dia eles iriam encontrar o Curupira, um ser de aparência
jovem, de fisionomia estranha, muitos pêlos no corpo, cabelos vermelhos e pés
virados para trás. Curupira foi amaldiçoado por Anhangá, que o havia levado
para o inferno. Lá aprendeu coisas ruins. Como era protegido por Tupã, fugiu e
se escondeu nas profundezas das matas. O velho índio deixou os caçadores
assustados e disse-lhes que Curupira era
protetor das matas e não gostava de quem maltratava a natureza, portanto eles
iriam se arrepender. Os caçadores não deram importância aos conselhos do índio
e resolveram voltar às matas, montar armadilhas e aprisionais animais. Já na
mata ouviram assobios estridentes,
gargalhadas vindas do vento e ficaram assustados. Correram e se perderam, pois
alguém havia apagado as pistas. Viram pegadas contrárias e lembraram do velho
índio. De repente, à sua frente, o Curupira, montado em um porco do mato.
Curupira estava com de cara feia. Os caçadores se apavoraram e aprenderam o significado
de que era ser caçado. Curupira ensinou-lhes o caminho de volta. E os caçadores
nunca mais voltaram a capturar animais silvestres.
A Lenda
das Cobras Norato e Canini conta que uma tribo indígena que vivia bem no
meio da Amazônia possuía uma característica especial: os índios tinham olhos
esverdeados e pele bem grossa e brilhosa. Uma índia teve desejos estranhos
durante a gestação. No dia do parto, não teve bebês; nasceram duas cobras. Uma
cobra macho e outra fêmea. Ela os batizou com os nomes de Norato e Canini. O
pajé avisou da profecia daqueles nascimentos, da mistura do homem e do réptil e
que representavam a luta do bem contra o mal e que o bem venceria.. O encanto
se quebraria quando chegasse um homem com fogo nas mãos e enquanto a profecia não
se cumpria, a mães deveria jogar as cobras no rio. A índia os colocou
cuidadosamente na água. Norato era bom, pois salvava as pessoas de morrerem
afogadas e lutava contra os seres ferozes do rio. Sua irmã atacava embarcações
e pescadores. Quando adultos podiam transformar-se em adultos. Norato vestia-se
de branco, visitava a mãe e ia às festas. Antes do canto do galo voltava ao
rio. Sua irmã se aproveitava de sua beleza para enfeitiçar os homens e levá-los
à correnteza para que se afogassem. Um dia ela conheceu um soldado que conhecia
as matas e um dia salvou a filha de um pajé de uma onça. O pajé agradecido lhe
presenteou com objetos mágicos: um isqueiro, uma garrafa de leite e pólvora e
pediu aos deuses para que lhe dessem sabedoria para saber usá-los, pois o fogo
o livraria de intriga, o leite de veneno mortal e a pólvora de situação
apavorante. Quando estava sendo levado para a água, lembrou-se do pajé,
despertou-se da hipnose e viu Canini se transformar de mulher em cobra.
Desesperado tirou da mochila os objetos e atirou na cabeça da criatura, mas não
atingiu Canini, mas seu irmão Norato. Um faísca desencantou Norato, ornando-o
humano para sempre. Foi aceito pela tribo. Canini viveu para sempre no rio e
sempre esperava alguém para dar o bote...
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