quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

AS MARAVILHOSAS LENDAS AMAZÔNICAS, Maria de Nazaré Mello Soares



AS MARAVILHOSAS LENDAS AMAZÔNICAS.
Maria de Nazaré Mello Soares



Neste livro da pedagoga, escritora, poetisa e roteirista paraense  Maria de Nazaré Mello Soares, são narradas em linguagem simples e clara e, concordando com os editores, “seus textos são adaptados e exclusivos, (...) cuidadosamente elaborados para levar o público a conhecer um pouco mais dos mitos, dos deuses, dos índios encantados e animais fabulosos qye habitam o maravilhoso mundo das lendas amazônicas”
As oito lendas presentes na obra são Muiraquitã, Çairé e Caititi, Mandioca, Priprioca, Tamba-Tajá, Cobra do Mato, Curupira e Cobra Norato e Canini.
A seguir são narrados os principais conteúdos destas lendas, com os personagens de cada uma delas: 

Em A Lenda do Muiraquitã, lindas e valentes guereiras Icamiabas ou Amazonas. Viviam em uma região cheia de mistérios e riquezas de grande valor, que elas defendiam. No começo da existência formavam uma tribo unida. Houve uma discórdia entre pajés, daí a tribo se separou, determinando que as índias que tivessem filhas, estas ficariam com as mães; se nascessem filhos, estes ficariam com os pais. Realizavam uma festa  à deusa Lua Iaçã, uma vez por ano e aí permitiam a visita dos índios da vizinha  tribo dos Guacaris, jovens guerreiros que adoravam o deus Sol. As Icamiabas se enfeitavam e perfumavam para agradar seus belos convidados. A índia Itani teve a idéia de presentear seu eleito, Tupinã. Mergulhou nas águas do rio, trouxe do fundo uma argila verde e modelou com muito amor um sapinho, chamando-o de Muiraquitã. Construiu um cordão e o pendurou no pescoço de seu eleito. Tupinã, partir daí passou a ter muita sorte. As outras índias tentando também trazer sorte aos seus amados, inventaram outros bichinhos presenteando-os. Mas o talismã mais conhecido por trazer sorte é o Muiraquitã, um simpático sapinho verde.

A Lenda do Çairé e Caititi ensina que os índios Tupis dominavam todas as terras da Amazônia e cultuavam o deus do amor, Rudá, cuja imagem era a de um guerreiro que residia nas nuvens do céu. As índias faziam pedidos a Rudá, para que este criasse no amado os sentimentos de amor e paixão por elas. Rudá tinha dois irmãos que lhe ajudavam em sua missão: Çairé, que morava na lua cheia e Caititi que surgia na lua nova. Houve uma grande batalha e os índios ficaram muitos dias longe da tribo. As índias apaixonadas, com seus cantos de dor e amor, invocaram Çairé nas noites de lua cheia para que ele os procurasse. Quando chegou a lua nova pediram a Caititi. Criaram uma canção que falava da saudade de seus amados. Em plena noite de lua cheia os guerreiros voltaram e alegria foi geral. Os índios relataram que na lua cheia, famintos e saudosos tinham grande saudade e na lua nova a paixão aumentava e fazia com que ficassem fortes, para voltar logo.As índias fizeram uma grande festa em homenagem ao deus Rudá e como era noite de lua cheia, homenagearam Çairé, que iluminava a festa. E a alegria de todos.

A Lenda da Mandioca também nasceu com os Tupis. Um casal desejava ter uma filha para completar sua felicidade. Mas os tempos eram difíceis e difícil era conseguir comida. Tupã, um dia atendeu-çhes o pedido. Nasceu uma indiazinha de pele muito branca e magra, porém muito meiga, que conquistou a todos na tribo. Um dia, caiu doente e morreu. Seus pais muito tristes enterraram-na na própria oca. Todos os dias regavam o túmulo com água, que para os Tupis significava lágrimas de saudade.Com o tempo, ali nasceu uma planta. A mãe, desesperada cavou e encontrou umas raízes com cascas escuras e por dentro era branca como sua menina. Chamaram a plantinha de Mani-oca em homenagem à criança. Tupã transformou a raiz em alimento abundante para os índios, que passaram a chamar a planta de Mandioca.

A Lenda da Priprioca conta que em uma tribo amazônica haviam índios muito sábios, de cultura bem desenvolvida, pois faziam seus próprios remédios, porque tinham uma roça de plantas mágicas e desconhecidas pelo resto da tribo. Somente o pajé conhecia todos os segredos das plantas e ele tinha uma filha, Otiré, que observava as misturas e rituais que o pai fazia. Piri-Piri era um belo e corajoso índio, cobiçado pelas índias que sonhavam ser escolhidas por ele. Otiré também desejava Piri-Piri e pediu ajuda ao pai que depois de muita insistência ensinou a ela uma receita de encantamento. Otiré esperou a lua cheia chegar e foi à `oca do amado enquanto ele dormia.Amarrou-lhe os pés com seus cabelos e pronunciou uma palavras mágicas. Mas, com pressa, não pronunciou corretamente as palavras ensinadas pelo pajé. Piri-Piri desapareceu sob uma fumaça de cheiro doce e inebriante. Otiré ficou desolada. Tempos depois, sob a rede de Piri-Piri nasceu uma planta desconhecida, com raízes muito perfumadas. Otiré fez uma mistura,  passou a usar no corpo e chamou-a de Priprioca. Em noite de lua cheia Piri-Piri voltava e sua presença era marcada pelo perfume. Otiré jamais conseguiu desvendar o segredo.

A Lenda da Cobra do Mato, conta que em uma distante floresta do Pará, vivia Arato, jovem guerreiro se apaixonou pela índia Moiguaçu, moça de comportamento esquisito, filha da cobra grande, a boiúna que se transformava em mulher.e que ninguém sabia. Arato não acreditava nos comentários do povo da aldeia, nem seguiu os conselhos de sua mãe. Mas a beleza de Moiguaçu o deixava fascinado. Marcou a data do casamento, e, perto do dia do casamento, Moiguaçu pediu como presente um ouriço de tucumã encantado. Ele deveria entregar o tucumã a ela, sem abri-lo. Arato remou e caminhou bastante, e encontrou a a bela e misteriosa árvore indicada por Moiguaçu e logo tratou de procurar o tucumã. Ele o encontrou e do caroço saiam sons estranhos como gritos. Teve medo e não o abriu. Ao retornar, não percebeu um Urubu-rei que tentava a todo custo pegar o coco. Arato espantou a ave. Ao chegar à margem resolveu, por curiosidade abrir o tucumã. Bateu com força em uma pedra. Uma forrte fumaça tomou conta do lugar e, bem diante dele surgiu uma cobra grande com o rosto de Moiguaçu, que lhe avisou de seu destino. Na lua cheia Arato iria se transformar em uma cobra e que reinaria nas matas com ela.

Conta A Lenda do Curupira que dois caçadores gostavam de caçar aves raras e bichos em extinção e depois de aprisioná-los os levavam ao mercado para vender. Certo dia, quando estavam com muitas aves raras para venda encontraram um velho índio que já vivia há tempos entre os brancos. O índio os aconselhou para que parassem pois um dia eles iriam encontrar o Curupira, um ser de aparência jovem, de fisionomia estranha, muitos pêlos no corpo, cabelos vermelhos e pés virados para trás. Curupira foi amaldiçoado por Anhangá, que o havia levado para o inferno. Lá aprendeu coisas ruins. Como era protegido por Tupã, fugiu e se escondeu nas profundezas das matas. O velho índio deixou os caçadores assustados e disse-lhes  que Curupira era protetor das matas e não gostava de quem maltratava a natureza, portanto eles iriam se arrepender. Os caçadores não deram importância aos conselhos do índio e resolveram voltar às matas, montar armadilhas e aprisionais animais. Já na mata  ouviram assobios estridentes, gargalhadas vindas do vento e ficaram assustados. Correram e se perderam, pois alguém havia apagado as pistas. Viram pegadas contrárias e lembraram do velho índio. De repente, à sua frente, o Curupira, montado em um porco do mato. Curupira estava com de cara feia. Os caçadores se apavoraram e aprenderam o significado de que era ser caçado. Curupira ensinou-lhes o caminho de volta. E os caçadores nunca mais voltaram a capturar animais silvestres. 

A Lenda das Cobras Norato e Canini conta que uma tribo indígena que vivia bem no meio da Amazônia possuía uma característica especial: os índios tinham olhos esverdeados e pele bem grossa e brilhosa. Uma índia teve desejos estranhos durante a gestação. No dia do parto, não teve bebês; nasceram duas cobras. Uma cobra macho e outra fêmea. Ela os batizou com os nomes de Norato e Canini. O pajé avisou da profecia daqueles nascimentos, da mistura do homem e do réptil e que representavam a luta do bem contra o mal e que o bem venceria.. O encanto se quebraria quando chegasse um homem com fogo nas mãos e enquanto a profecia não se cumpria, a mães deveria jogar as cobras no rio. A índia os colocou cuidadosamente na água. Norato era bom, pois salvava as pessoas de morrerem afogadas e lutava contra os seres ferozes do rio. Sua irmã atacava embarcações e pescadores. Quando adultos podiam transformar-se em adultos. Norato vestia-se de branco, visitava a mãe e ia às festas. Antes do canto do galo voltava ao rio. Sua irmã se aproveitava de sua beleza para enfeitiçar os homens e levá-los à correnteza para que se afogassem. Um dia ela conheceu um soldado que conhecia as matas e um dia salvou a filha de um pajé de uma onça. O pajé agradecido lhe presenteou com objetos mágicos: um isqueiro, uma garrafa de leite e pólvora e pediu aos deuses para que lhe dessem sabedoria para saber usá-los, pois o fogo o livraria de intriga, o leite de veneno mortal e a pólvora de situação apavorante. Quando estava sendo levado para a água, lembrou-se do pajé, despertou-se da hipnose e viu Canini se transformar de mulher em cobra. Desesperado tirou da mochila os objetos e atirou na cabeça da criatura, mas não atingiu Canini, mas seu irmão Norato. Um faísca desencantou Norato, ornando-o humano para sempre. Foi aceito pela tribo. Canini viveu para sempre no rio e sempre esperava alguém para dar o bote...

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