Da infância de Seu Francisco.
francisco
vaz brasil
Nome do entrevistado: Francisco Brasil, 61.
Onde viveu a infância: São Luís, Maranhão.
De que costumava brincar: com carrinhos de madeira, futebol, pira,
esconde-esconde, empinar papagaio, bandeirinha, barra bola, nadar no rio e
pescar.
Como eram seus brinquedos: Os carrinhos eram caminhões feitos de
madeira pintada à mão. Os papagaios eram feitos de papel de seda e talas de
cipó. A bola era de borracha ou de seringa. As outras brincadeiras eram de
correr. O barra-bola era com uma bola de borracha.
Um fato curioso: Espetar as bananeiras do quintal do Se Antonio,
que ficava bem ao lado do quintal de nossa casa, para pegar bananas. Um outro
fato foi uma carreira que tomei de um boi (um boi das festas juninas – um
boi-bumbá – Eu invadi a casa de uma vizinha e lá me escondi.
ESSAS COISAS QUE O
FACE NÃO TEM
Fui uma criança feliz (aliás ainda o sou –
criança e feliz). Minha casa era de enchimento e a cobertura no começo era de
palha, depois telha de barro. A casa possuía um terreno grande e no quintal
havia plantação de goiaba, amendoim, vinagreira, João Gomes (Caruru), feijão em
vagem, cheiro verde, cebolinha, agrião, abóbora e outras plantas para remédios
caseiros. Eu também ajudava a cuidar de um montão de galinhas. Meus pais eram
muito trabalhadores.
Gostava de brincar de futebol, no quintal,
pois havia espaço. Na rua, com os colegas,
brincava de pira, de esconde-esconde, de barra-bola. Empinei muito
papagaio e arraia (aqui é rabiola). Em minha infância não havia tanto fio
elétrico para atrapalhar a brincadeira. Papai tinha duas canoas e eu passeei
muito com ele. Eu ficava vermelho como um camarão, de tanto sol. Nós dois
pescávamos muitos peixes como Pescadinha, Bagre e Pacamão. Até um peixe-cobra
eu peguei. Minha casa ficava perto do Rio das Bicas e logo na curva havia uma
praia. Havia um mangue e quando a maré baixava, eu pegava siri, com isca e
paneiro. Eu gostava muito de ir à praia com papai e mamãe. Papai me colocava
nas costas e nadava uns bons pedaços. Que Saudade! Que Saudade! E nos passeios de canoa, à noite, eu preparava
o fogareiro e a mamãe assava os peixes bem fresquinhos, pegados na hora. Que
gostoso era!
Eu nunca mais vi meus colegas de
infância. Quase todos eles eram pretinhos de cabelo bem sarará.
Eu andei de bonde com meus pais. Eu
gostava de andar entre os trilhos do trem. Lá havia trem e bonde, com estação e
tudo. Os trilhos tem um mistério muito grande. Não se sabe de onde vem e para
onde vão. E eu ficava acompanhando aquelas paralelas até perder de vista. Visitei muitos lugares, com meus pais, como
as praças Benedito Leite e João Lisboa. Ah que saudades eu tenho de minha
infância já tão distante!
Eu quase esquecia de falar de meu avô
Ezequiel, que me trazia melancias. Um dia ele teve que fazer umas coisas e
esqueceu de trazer a melancia. Foi um senhor chororó. O meu avô era um barato!
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