Viagem sentimental pelos nomes dos livros
Por Edival Lourenço
Em Colunistas
REVISTA BULA
Valendo-se da
própria memória afetiva, o autor empreende algumas viagens sentimentais ao
mundo dos livros, passando por uma centena de títulos, dos mais antigos, como
Odisseia, aos mais recentes como naqueles morros depois da chuva. O leitor
também poderá empreender suas próprias viagens. É só ativar a memória e soltar
a imaginação.
Nada de novo no
front: naqueles morros depois da chuva, o espião que veio do frio, qual dom
Quixote, sem temer a guerra e paz, com pinta de dom casmurro, se alimenta das
vinhas da ira, no fio da navalha, numa grande jornada noite adentro, feito o
apanhador no campo de centeio, em busca do castelo dos destinos cruzados, na
montanha mágica, numa estação no inferno ou a leste do éden.
Ulisses, com o pé
na estrada, sua odisseia, qual homem sem o qualidades, na volta do parafuso,
apaixonado como o amante de lady chaterley, namora sua Lolita, por quem os
sinos dobram, num amor nos tempo do cólera.
No processo de
metamorfose, encarando crime e castigo, diante da cavalaria vermelha, num
meridiano de sangue, o conde de monte cristo celebra a festa do bode, pelos
sertões, na guerra do fim do mundo.
Naqueles mundos
de vazabarros, na hora dos ruminantes, feito a máquina extraviada, levando
vidas secas, onde ratos e homens vivem cem anos de solidão, pior que o velho e
o mar ou o coronel em seu labirinto.
Ana Karenina,
pergunte ao pó, se o sol também se levanta pelos irmãos karamazov para, em
busca do tempo perdido, viver a divina comédia entre o som e a fúria, enquanto
agonizo ou procuro a morte em Veneza, qual Drácula ou o homem invisível.
Doutor Fausto, a
sangue frio, do jeito de um grande gatsby, olhai os lírios do campo, incidente
em antares, ou no morro dos ventos uivantes levantado do chão, rumo ao farol,
cruzando o tempo e o vento, passando por grande sertão: veredas. Lobo da estepe
numa centopeia de neon, sob o trópico de capricórnio.
Sem quase
memória, mas sem temer a náusea ou a peste, com orgulho e preconceito, Hamlet,
uma espécie de Pedro Páramo, o cavaleiro inexistente nas cidades invisíveis,
entre almas mortas, pelo atalho dos ninhos de aranha, repete as viagens de
Gulliver, sem se importar com a vida e as opiniões do cavalheiro Tristram
Shandy ou o sorriso do lagarto. E ainda grita: viva o povo brasileiro, sargento
Getúlio, neste admirável mundo novo de 1984!
José e seus
irmãos, como o estrangeiro batendo o tambor, supera a invenção de morel, um
conjunto de ficções no jogo da amarelinha sobre folhas de relva ou o memorial
do convento do paralelo 42.
Moby Dick sai em
busca de as cidades e as serras ou do deserto dos tártaros, mas encontra é a
terra desolada, no coração das trevas e promove a revolução dos bichos e
liberta os miseráveis. Mas tudo são os novelos do acaso, noves fora nada: nada
de novo no front.
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