Maria não
queria casar nem ter filhos. Não tinha nada de errado com Maria. Ela só era
diferente, mas ninguém entendia
em Colunistas
REVISTA BULA
Ser
diferente é normal. É o que todo mundo diz. As pessoas abraçam causas,
protestam contra a discriminação, lutam pela inclusão social. Dizem que as
diferenças fazem parte da normalidade. Até que alguém abre a boca para expor
uma opinião contrária à esperada. Então, essas mesmas pessoas olham com
estranheza e repulsa, como se todos tivessem que ser iguais, pensar de um só
jeito, agir de uma só maneira, seguir um único padrão.
Mudar a
ordem das prioridades ou ter prioridades que divergem da maioria faz de você
uma pessoa incomum. Só que neste caso, ser diferente não é normal, nem
aceitável, e tampouco bem visto. Você é incompreendido, fica descontente em
seguir os caminhos dos outros, por isso segue o seu próprio fluxo fora dos trilhos.
Dia desses
eu li a melhor das definições para quem não se enquadra. Colin Wilson, um
escritor inglês, explica em “The Outsiders” como é se sentir fora dos padrões
num mundo padronizado. Essas pessoas são naturalmente “desviantes”,
forasteiros, não por querer, mas simplesmente porque são assim. Elas até tentam
se encaixar numa normalidade, mas a singularidade fala mais alto.
Pense bem.
Não é normal você ser feliz sem buscar um relacionamento. Não é normal você
abandonar o emprego fixo porque quis se dedicar à arte. Não é normal você
vender tudo e mudar de cidade, de trabalho, de vida. Não é normal você desistir
de um casamento porque acabou o amor, a alegria, a vontade, a paz. Não é normal
você não desejar um emprego público. Não é normal se esquivar de uma vida de
comercial de margarina. Não é normal correr atrás da qualidade de vida, ao
invés de se preocupar em fazer fortuna.
Eu queria
saber quem estipulou tantas regras para ser aceito e para ser feliz. Eu queria
saber por quê, na altura do campeonato, as pessoas ainda precisam de
referências para se sentirem realizadas. Aceitam os estereótipos mais diversos,
mas não podem aceitar àquele que pensa diferente, que age de acordo com as suas
ordens e não com as regras dos outros.
O que há de
errado em querer viver sem se parecer à ninguém, sem pertencer à ninguém, sem
seguir nenhum roteiro, sem fazer o que esperam? Porque todo mundo tem que ser
padrão, ter um padrão de vida, de status, de beleza?
Não almejar
a instituição do casamento não significa que você não acredita no amor. Quem
não quer se casar, por acaso não tem o direito de ser feliz? Aquele que opta
por não ter filhos não necessariamente está se eximindo das responsabilidades.
Você já parou para pensar que pode ser, exatamente, excesso de sensatez? Trocar
o escritório pela praia, a repartição pela música, não permite o sucesso?
Deixar para trás uma vida segura e monótona, para sair pelo mundo com uma
mochila nas costas, muita coragem e disposição. Isso faz de você uma pessoa
fraca? Sair da zona de conforto te torna um ser humano inferior? Ou justamente
ao contrário?
Quem disse
que os padrões da sociedade estão certos e, outra coisa, que eles funcionam
igualmente para todos? Somos únicos. Cada um tem uma história, um ímpeto, faz
parte de um meio.
O que Joana
quer, não funciona para a Maria. Maria não queria casar nem ter filhos. Não
tinha nada de errado com Maria. Ela só era diferente, mas ninguém entendia.
http://www.revistabula.com/5036-maria-nao-queria-casar-nem-ter-filhos-nao-tinha-nada-de-errado-com-maria-ela-so-era-diferente-mas-ninguem-entendia/
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