Vence quem passa por essa vida rindo. E se o preço a pagar por ser um pouco feliz é ser um pouco idiota, dane-se’
Por Lara
Brenner
em Colunistas
Revista Bula
A
não ser que o trem saia dos trilhos mais cedo, amigo, você terá que passar pela
vida, por esta vertigem, este sopro desenfreado, esta roda imprevisível.
Esse
percurso será revestido de sua cara, marca e assinatura. Ao fim, restará um
rastro nos que ficam, nas coisas tocadas, no vento que carrega as palavras
ditas e no peso do silêncio das que não foram.
O
caminho é seu. Ele pode ser insosso, obrigatório, arrastado, preto e branco, só
preto, só branco e você, só um passante. Ou pode ser intenso, colorido e você,
o melhor dos hedonistas modernos.
Embora
a tendência do homem seja esperar por grandes milagres ou mudanças estrondosas,
a maior parte das alegrias advêm de momentos simples, que preenchem o cotidiano
a espalhar leveza e prazer: uma música, um filme, uma palavra, um livro, um
diálogo, um abraço, um doce e tantas coisas miúdas que, de tanto existirem,
muitas vezes passam batidas.
Uma
música pode-se apenas ouvir e deixar passar, mas pode ser visceral também. Essa
variação depende apenas de quem a ouve, pois que ela será o mesmo conjunto de
notas para todo e sempre. Um trabalho pode ser um trabalho, os dias, apenas
dias, os passos, apenas passos. Mas tudo pode convergir numa sinfonia fluida,
se houver permissão para que seja o caminho desenhado.
Por
isso, esteja presente em si mesmo enquanto vive. Não sobrevoe o presente a
sonhar com o futuro, corroer o passado, ou entregar-se a lamentações pela vida
que não tem. Mas, pior, não se torne mais um zumbi vagando adormecido sem nada
sentir, compondo um grande saco desalmado de carne e ossos imprestáveis. Você
já está aqui, faça direito.
Por
mais óbvio que possa parecer, tudo o que se tem agora é o AGORA. Esteja
presente com a alma rendida e entregue, com profundidade e consciência da vida
que permeia seu sangue, do milagre que é viver cada segundo. Esteja onde você
está.
Então,
não tome um vinho, TOME O VINHO. Não trabalhe, TRABALHE. Não ouça uma música,
OUÇA A MÚSICA. Várias vezes, cem vezes até que aquilo o arranque da dormência e
faça nascer um sorriso de orelha a orelha apenas por estar vivo.
Se
algo der errado, apenas pense que da crise literalmente nasce a ruptura, a
decisão. Abrace a raiva e a frustração com a mesma intensidade de todo o resto.
Apenas dê a esses sentimentos um lugar passageiro, no qual só sobre espaço para
a “krisis”, a oportunidade de bem decidir. Os gregos sabiam o que diziam.
É
isso, amigo, para ser grande, é preciso ser inteiro. Pôr quanto se é no mínimo
que se faz e carpe diem.
http://www.revistabula.com/5066-vence-quem-passa-por-essa-vida-rindo-e-se-o-preco-a-pagar-por-ser-um-pouco-feliz-e-ser-um-pouco-idiota-dane-se/
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