Mãe
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“Mãe é tudo igual” é a máxima que, vira e mexe,
aparece nas conversas, quando, frequentemente falamos delas. Eu sempre preferi
a outra frase não menos clichê: “mãe é mãe”. Assim, sem negociação. Mãe é mãe.
E isso é a mais pura e óbvia verdade. Elas não são todas iguais, apesar de
compartilharem desse amor só comum a elas. Mães são diferentes. Existe aquela
que é “melhor amiga da filha”, outra se mantém a vida toda mais reservada, no
lugar de mãe. Mães boas de cuidar de criança, outras melhores quando os filhos
são adultos. Mãe não é tudo igual e sabemos: não tem certo ou errado. Mãe é
mãe. E quando a coisa aperta, não tem jeito, tem situações que só mãe resolve.
Não há amiga, namorado, pai, irmão, padre ou guru que tenha as palavras dela.
Cada mãe tem a sua sabedoria. Cabe a nós, filhas,
saber desfrutá-la da melhor maneira. Porque mãe é mãe, na hora que ela
percebe detalhes que a gente deixa passar. Desde esquecer o pijama para levar
na viagem do colégio, até o sexto sentido para te avisar que uma certa amiga,
bem, não é sua amiga de verdade e que vai passar a perna em você. Mãe é mãe
quando percebe nossas loucuras, os exageros, os dramas. Uma menina fazendo
birrinha. Lembro de ver minha mãe e minha avó passeando juntas e achar engraçado
ela fazer coisas que só filha faz com mãe. Pedir cuidado ao mesmo tempo que
cuida. Talvez essa seja uma das trocas mais especiais entre mãe e filha. Essa
cumplicidade que só vai se repetir quando nós formos mães.
Mãe é mãe nos pequenos cuidados. Compra um docinho
para você na tpm, te chama para assistir um filminho na TV, quando você está
doente e chatinha, dá uma ajuda quando você está dura no fim do mês. E mãe é
mãe também nos mimos: quando acha que você tem razão em todas as suas brigas
com outras pessoas – que não ela, é claro – quando diz que você está linda
mesmo você se sentindo um lixo. Mãe é mãe e liga. Sim, ela telefona em várias
horas erradas: às vezes, no meio da sua reunião de trabalho, ou na academia.
Ela liga para saber do tempo da praia, para papear, fofocar do vizinho da
frente, saber se você está bem, se já fez as pazes com seu irmão, se está
precisando de lençóis novos. E mãe é mãe nas duras, como deveria ser. Na hora
que tem que te ensinar a ser forte, a ser mulher, a correr atrás do seu. Ela dá
chacoalhão quando você está dramatizando seus problemas, manda aquele “eu te
avisei” em situações que você não ouviu ela, enche o saco, critica algumas
escolhas. E já sabemos: muito provavelmente ficaremos iguaizinhas a elas. Quem
nunca se viu repetindo uma atitude da mãe que se prometeu que jamais faria ?
Mãe é amor.
Então, mãe não é tudo igual, mas mãe é mãe e, se eu
pudesse, faria como o sábio poeta Drummond que disse: “Fosse eu Rei do Mundo/ baixava uma lei: Mãe não morre nunca/ mãe ficará
sempre junto do seu filho/ e ele, velho, embora/ será pequenino/ feito grão de
milho”.
Estadão.blog, 05.maio.2014
http://blogs.estadao.com.br/sem-retoques/mae/
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