Marujada
Bruno de Menezes
Fragatas, marujos
pintados de entrudo,
gageiro subindo no mastro de proa,
piloto crioulo cantando a manobra
na cadência da onda, ao rumor da mareta.
É um brigue lendário... A "Nau Catarineta"...
Um cruzador do Império...
— "Seu imediato!
— Pronto seu comandante!
— Mande suspendê ferro que são
hora da partida!..."
E as fragatas em coro tatuadas gingando...
suspendem o ferro mesmo sustêm a força da amarra.
(1) "Alerta marinhêro
vâmo o terro levantá
as hora não chegada
do "Tupi" si arritirá".
E o rufo batuca na lufa-lufa a vela estrebucha ao vento
[que bufa...
Navio pirata... Veleiro corsário em mar alto...
Barca onde só vem mestiço.
Regamboleios de fragatas no arrastão da marujada
meia-lua em ronda longa escorregando no convés.
Pintados de entrudo! Oficiais e a marinhagem!
Revolta tumulto a bordo... O imediato posto a ferros...
Os trovões os relâmpagos o vento,
o mar brabo e a invocação à Virgem Mãe dos Navegantes:
(2) "Sinhor do Mar
Rainha das Ondas
livrai-nos da morte
nas ondas do mar...
É a cerração... Vida de bordo numa sala
que palpita de emoção e a maresia faz tremer.
A embarcação joga sem rumo...
Pintados de entrudo!
Rodelas de carmim... brancuras de alvaiade...
O comandante de espadim dragonas gorro e apito
... tinha a melhor fragata!
Mas na hora em que na adriça,
cessada a tempestade,
a bandeira subia garbosa no mastro,
eles pensavam que era certo e davam vivas ao Brasil!
Publicado no livro Batuque: poemas (1939).
In: MENEZES, Bruno de. Obras completas. Belém: Secretaria de Estado da Cultura, 1993. v.1, p.229-230. (Lendo o Pará, 14)
gageiro subindo no mastro de proa,
piloto crioulo cantando a manobra
na cadência da onda, ao rumor da mareta.
É um brigue lendário... A "Nau Catarineta"...
Um cruzador do Império...
— "Seu imediato!
— Pronto seu comandante!
— Mande suspendê ferro que são
hora da partida!..."
E as fragatas em coro tatuadas gingando...
suspendem o ferro mesmo sustêm a força da amarra.
(1) "Alerta marinhêro
vâmo o terro levantá
as hora não chegada
do "Tupi" si arritirá".
E o rufo batuca na lufa-lufa a vela estrebucha ao vento
[que bufa...
Navio pirata... Veleiro corsário em mar alto...
Barca onde só vem mestiço.
Regamboleios de fragatas no arrastão da marujada
meia-lua em ronda longa escorregando no convés.
Pintados de entrudo! Oficiais e a marinhagem!
Revolta tumulto a bordo... O imediato posto a ferros...
Os trovões os relâmpagos o vento,
o mar brabo e a invocação à Virgem Mãe dos Navegantes:
(2) "Sinhor do Mar
Rainha das Ondas
livrai-nos da morte
nas ondas do mar...
É a cerração... Vida de bordo numa sala
que palpita de emoção e a maresia faz tremer.
A embarcação joga sem rumo...
Pintados de entrudo!
Rodelas de carmim... brancuras de alvaiade...
O comandante de espadim dragonas gorro e apito
... tinha a melhor fragata!
Mas na hora em que na adriça,
cessada a tempestade,
a bandeira subia garbosa no mastro,
eles pensavam que era certo e davam vivas ao Brasil!
Publicado no livro Batuque: poemas (1939).
In: MENEZES, Bruno de. Obras completas. Belém: Secretaria de Estado da Cultura, 1993. v.1, p.229-230. (Lendo o Pará, 14)
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