Moacyr Félix
a
Luiz Paiva de Castro
Às
margens deste rio cantarei com alegrias e tristezas
várias faces de todo o ser do homem. De pé, atrás dos ponteiros
onde a vida é desnuda e o sangue não pergunta,
eu tentarei cravar entre os ossos do meu tempo
o pesadíssimo lamento do silêncio dentro das coisas.
várias faces de todo o ser do homem. De pé, atrás dos ponteiros
onde a vida é desnuda e o sangue não pergunta,
eu tentarei cravar entre os ossos do meu tempo
o pesadíssimo lamento do silêncio dentro das coisas.
Linha
dos horizontes, o coração se estende
ao lado dos amantes e colhe o mel das luas
que aclararam o mar de amor entre dois corpos.
Assim surge a promessa e o fundamento de uma utopia
que minhas auroras cavoucam no que ainda não tem fala.
ao lado dos amantes e colhe o mel das luas
que aclararam o mar de amor entre dois corpos.
Assim surge a promessa e o fundamento de uma utopia
que minhas auroras cavoucam no que ainda não tem fala.
Cisne
em rio noturno, se o coração se põe
em marcha e bebe os vinhos deste vento
que sopra o último adeus dos fuzilados
em direção a nós,
os rumos, de tão claros, arrancam choro e sangue
no canto que os celebra.
em marcha e bebe os vinhos deste vento
que sopra o último adeus dos fuzilados
em direção a nós,
os rumos, de tão claros, arrancam choro e sangue
no canto que os celebra.
II
Às
margens deste rio
cantarei
os pobres e os humildes
e a aurora sempre a mesma
no olhar dos que conduzem
os pobres e os humildes.
E as estradas tão longas
no coração dos velhos
e a navegante mesa
dos ébrios, e o sapato
imóvel dos defuntos,
e o férreo marche-marche
dos trens cruzando as pontes
cantarei como poeta às margens deste rio
que os ricos armadores sombrearam de navios
carregados de urânio e de ouro negro
e de perguntas prisioneiras.
cantarei
os pobres e os humildes
e a aurora sempre a mesma
no olhar dos que conduzem
os pobres e os humildes.
E as estradas tão longas
no coração dos velhos
e a navegante mesa
dos ébrios, e o sapato
imóvel dos defuntos,
e o férreo marche-marche
dos trens cruzando as pontes
cantarei como poeta às margens deste rio
que os ricos armadores sombrearam de navios
carregados de urânio e de ouro negro
e de perguntas prisioneiras.
III
Inalterável,
eu, que atravessei o tempo
com a mensagem triste dos velhos outonos
presa no meu relógio,
eu, védica sandália, Atenas grave e trágica
ou doce fruto de uma dor hebraica,
às margens deste rio
cantarei no que fui como criança
com a mensagem triste dos velhos outonos
presa no meu relógio,
eu, védica sandália, Atenas grave e trágica
ou doce fruto de uma dor hebraica,
às margens deste rio
cantarei no que fui como criança
a
lenda
de
uma princesa adormecida
(tão bela como a vida)
que dormia e dormia
(tão bela como a vida)
até que a despertaram
(tão bela como a vida)
que dormia e dormia
(tão bela como a vida)
até que a despertaram
tão bela como a vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário