JOÃO DE JESUS PAES LOUREIRO
TRÊS POEMAS
LARGO DO RELÓGIO
Há uma fonte
um repuxo de lendas
nesta praça cheia de horas.
Um cartucho de estrela
prestes a explodir.
Pelos bancos afásicos
o diálogo, entre dentes, do silêncio
consigo mesmo...
Do outro lado, fachadas de azulejos,
os sobrados.
Sacadas e calçadas.
Namorados.
E a palavra amor voando de alto a baixo.
Há uma fonte
um repuxo de lendas
nesta praça cheia de horas.
Um cartucho de estrela
prestes a explodir.
Pelos bancos afásicos
o diálogo, entre dentes, do silêncio
consigo mesmo...
Do outro lado, fachadas de azulejos,
os sobrados.
Sacadas e calçadas.
Namorados.
E a palavra amor voando de alto a baixo.
TÉDIO
Ah! esse torpor
à fome insaciável do passado
desconfortável dor do que era tudo
e não é nada.
Ah!
esse verbo peçonhento
ser
a se fazer agora outrora.
Ah! essa hora
ruminando-me pacientissimamente.
Ah!
essa flor abrindo-se de fora para dentro
Ah! esse...
Ah! esse torpor
à fome insaciável do passado
desconfortável dor do que era tudo
e não é nada.
Ah!
esse verbo peçonhento
ser
a se fazer agora outrora.
Ah! essa hora
ruminando-me pacientissimamente.
Ah!
essa flor abrindo-se de fora para dentro
Ah! esse...
Romance das Três Flautas
ou
de como as muiheres perderam
o dominio sobre os homens
Era
no tempo naquele.
Confins
do tempo. Era o tempo
tão
longe. Naquele outrora
onde
as mulheres viviam
na
casa agora dos homens.
Tempo
do tempo naquele.
Tempo
na casa do sempre.
Outrora,
então, nesse tempo
-
oh! doce chão da memória -
os
homens buscavam lenha,
o
peixe e o mel, caça fresca,
enquanto
as cunhãs dormiam
pousadas
no ar, deitadas
entre
as alvuras tecidas
da
rede, como trançadas
com
fios de luar e sonho.
(...)
Onde
estão? Onde desfolham
essas pétalas de ausência?
Será que costuram penas
nalgum cocar de silêncio?
Ou fazem das próprias penas
tristes pássaros no cio?
Ou se abandonam em si mesmas,
como as águas desse rio?
essas pétalas de ausência?
Será que costuram penas
nalgum cocar de silêncio?
Ou fazem das próprias penas
tristes pássaros no cio?
Ou se abandonam em si mesmas,
como as águas desse rio?
(...)
Onde as mulheres se escondem?
— indagem, a rosnar, os homens.
Mari — marabê pergunta.
Onde as mulheres se escondem?
— indagem, a rosnar, os homens.
Mari — marabê pergunta.
Quem
saberá responder?
Fungam vozes nas virilhas,
currais de alazões arfando
por éguas, fêmeas em cio.
Fungam vozes nas virilhas,
currais de alazões arfando
por éguas, fêmeas em cio.
Pousar
de pássaro, a dúvida
avoa ruo aos “porquês”...
Onde as mulheres se vão?
Inga Mari — bumbe...
Tantas perguntas voando,
tantos “porquês” pelo chão.
Onde as mulheres se escondem,
avoa ruo aos “porquês”...
Onde as mulheres se vão?
Inga Mari — bumbe...
Tantas perguntas voando,
tantos “porquês” pelo chão.
Onde as mulheres se escondem,
os
homens perguntam em vão.
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