sexta-feira, 29 de novembro de 2013

corriqueiro, francisco vaz Brasil



corriqueiro
francisco vaz Brasil



jornal informa 254 assassinatos
em 115 dias
- uma boa média
e, um deles foi:

madson carvalho “groselha”
enforcou o raimundo ferreira.
raimundo morreu
e seu corpo putrefato,
sem direito a funeral,
permaneceu no moquifo.
- foi queimado dois dias
depois por madson,
que declarou que
“o álcool estava ali,
na minha frente...
coloquei fogo nele...”

ora,
simples assim.

por trinta dinheiros, francisco vaz brasil



por trinta dinheiros
francisco vaz brasil


e a mãe declarou:
“estou sem braços
                                    sem pernas,                                                        
sem cabeça, sem nada..
levaram tudo de mim.”

o pai e a irmã, mudos, paralisados
-  estupefatos, desfeitos sobre o sofá

este é um quadro tétrico
pintado em uma casa
em são bernardo do campo – são paulo;

em outra rua, em um consultório
uma dentista, 47, atendia uma cliente
foi obrigada a entregar seu cartão bancário
a três facínoras...

dois foram ao banco;
um, ficou ameaçando as vítimas;

lá, na conta, disponíveis,
só trinta dinheiros...

e eles voltaram,
com o diabo no couro, enlouquecidos...

jogaram a dentista no sofá
e a incendiaram...
sem dó, sem piedade...

e, se foram
com os trinta dinheiros...
sem serem incomodados

- a dentista era
arrimo de família...

tristeza, revolta
e,  muitos porquês
invadem o peito
dos brasileiros...

e a segurança?
e a segurança?

a constituição revogou
o direito à vida!
- toda a propriedade
doravante poderá ser invadida
os bens e a vida dos seres
poderão ser retirados,
sem prévio aviso,
preferencialmente,
por bandidos, ladrões e assassinos cruéis!

sem direito à segurança,
consultórios, pequenas lojas e quiosques
se quiserem continuar atuando,
terão que contratar sua segurança

- porque o estado é inapto, inerme
incompetente, corrupto e alienado
e até seu superior tribunal federal
não terá mais poderes (será Dr. Teori?)

que conste nos autos que:
- condeno o estado de são Paulo
a pagar pensão vitalícia à família
da dentista assassinada,
com a devida assistência médico-social.

Dê-se ciência e Cumpra-se!

DUAS TROVAS, Francisco Vaz Brasil



DUAS TROVAS
                Francisco Vaz Brasil



Menina teu belo porte
Traduzo em sublime tema
São as curvas de teu corpo
As rimas de meu poema!




Eu queria fazer-te a corte
Nem que fosse num retrato
Onde  pudesse mostrar
Tua voz, sorriso e recato!

Poetic sense, Francisco Vaz Brasil



Poetic sense
Francisco Vaz Brasil


um poema, para sê-lo,  deve sentido,
algo e palpável e silencioso,
como uma gema de rubi ou como uma fruta

deve ser silente, com a sensibilidade
de uma princesa acariciando uma flor

deve ser calmo como a pedra do parapeito
onde a amada encosta e o musgo medra

um poema deve sumir entre as palavras
como as aves que se espalham nos céus
até ser percebido, absoluto onde está

um poema, para ser poema
deve ficar estático no espaço
como uma lua cheia ante o olhar perplexo

deve deixar libertas
folhas e ramos das árvores
envoltas pela luz das noites de luar

um poema deve dar liberdade
- para ser sentido -
e não uma egoísta e crua verdade

um poema, para ser poema
deve ser simplesmente silencioso
- não deve significar -
                          apenas acontecer