Retrato, Cecília Meireles
Eu não tinha
este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha
estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Que nem se mostra.
Eu não dei por
esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
(Obra poética, Volume 4, Biblioteca luso-brasileira: Série brasileira. Companhia J. Aguilar Editora, 1958, p. 10)
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