Cotidiano
francisco vaz brasil
No açougue,
Ah, no açougue...
- As carnes,
como estandartes,
Sorriem ante a agonia
Do meu bolso.
Embaixo, refiladas,
Lágrimas em barras,
- Meus olhos estupefatos
Na ente-sala
Os sócios do ócio
Discutem os preços
E os destinos
Enquanto cigarros
Criam cinzas de lembranças.
Na rua os transeuntes
Admiram as vitrines,
As
vitrines da Tiffany
quando Audrey a visitou
em Breakfast at Tiffany's, de Capote.
quando Audrey a visitou
em Breakfast at Tiffany's, de Capote.
- enquanto isso, queimam-se
os campos de trigo
inflacionando o preço do pão
e alguns políticos
locupletam-se
com a corrupção
há milhões de fêmeas
adolescentes, meninas,
parindo futuros finados
em hospitais desestruturados
[nos cemitérios
Ah, nos cemitérios...
- Somos
Inapelavelmente,
Pacientemente
aguardados]
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