terça-feira, 17 de abril de 2012

Macunaíma, Mário de Andrade, trecho


Macunaíma, Mário de Andrade
-trecho-

Macunaíma nasceu na floresta brasileira e desde pequeno já mostrava como tinha um caráter indigno. Sempre com preguiça acabou formando assim o seu slogan: ”Ai! Que preguiça!” Na necessidade de uma companhia para seus passeios pela mata ia com a mulher de seu irmão Jinguê, mas no meio do mato ele se tornava um príncipe e assim ficava toda a tarde a ter relações com sua cunhada.
     Depois de pouco tempo o irmão descobriu e acabou lhe cedendo a mulher, mas Macunaíma logo se envolveu com a nova índia do irmão. E esse acaba por aceitar. Então nessas transformações em príncipe ele acabou se tornando homem. E como não tinha um bom caráter continuava a enganar a todos, até mesmo ao caipora.
     Um dia, na tentativa de caçar uma veada, aprisionou o seu filhote e ela como mãe voltou. Foi nesta oportunidade que Macunaíma a matou, porém quando se aproximou viu que na verdade tratava-se de sua mãe; ele tinha sido enganado pelo Anhangá.
     Assim, Macunaíma, junto com seus dois irmãos, Maanape e Jinguê, seguiram pela mata indo embora. No caminho encontrou com Ci, a mãe do mato, os dois tiveram relações e ele se tornou o Imperador do mato virgem. Os dois se amavam e tiveram um filho que logo foi abençoado para trazer muitas riquezas aos pais, principalmente a Macunaíma. Entretanto o menino adoeceu e morreu; Ci, cansada e desiludida, parte para as estrelas, o que significa a morte, mas antes deu ao esposo o muiraquitã – um talismã que lhe garantiria a felicidade.
     Eles seguem uma vida no mato até que o “herói sem caráter” parte pra São Paulo porque descobriu que o muiraquitã que ganhara e tinha perdido estava com o comerciante Venceslau Pietro, um colecionador de pedras. Macunaíma vai atrás do talismã e em São Paulo conhece as chamadas máquinas. Buscava por ainda mais dinheiro e se diverte enganando os irmãos e dormindo com as mulheres da cidade. Porém as coisas com Venceslau Pietro não correram bem como ele esperava.
     O comerciante era na verdade o gigante Piaimã, comedor de gente. O nosso anti-herói sofre muito na tentativa de reconquistar o presente de Ci, até que finalmente procura a macumba e lá pediu a exu que desse uma bela surra na alma do gigante, pois assim ele teria de volta o muiraquitã.
     Tendo o talismã de volta, os três voltaram a Amazônia, mas lá os irmãos de Macunaíma morrem e ele acaba sendo encantado pela Iara, perdendo assim a pedra que ganhou de Ci de uma vez por todas. Assim como sua companheira, mãe do mato, cansado da vida e desiludido, ele sobe ao céus, dando origem a constelação da Ursa Maior.

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