Só sendo papapaxibé pra entender o texto!*
Francisco Vaz Brasil
Um dia eu tava "buiado", pensei em ir “lá em baixo” comprar uns tamatás. Sá cumé, né?... uns boró no bolso, outros na mão, porreta. Tava numa murrinha danada, mas criei coragem, peguei o Sacrabala e fui. Cheguei tarde. Naquela hora só tinha peixe dispré. O maninho que 'tava vendendo tinha uma teba de orelha, do tamanho dum bonde.
Cacete... O peixeiro espirrou em cima do tamatá do moço que tinha acabado de comprar, e no meu tambéim. Que vexame!
Ficou tudo cheio de bustela...Axiiiiiii, porcaria! Não é potoca, não. O dono do tamatá se emputeceu e logo disse: “pô mermão porque tu fizesse isso?” e muquiou o orelha-de-nós-todos, mas malinou mesmo, deu muita porrada no sacristão, pra ele aprender a fechar a boca e virar o focinho quando espirrar.
Saí dalí e fui comer uma unha. Escolhi uma porruda! Égua, quase levei o farelo depois. Me deu um pirriqui do carái. Também, né, parece leso, comprar unha no veropa. Comprei uns mexilhões, um cupu e um pirarucu, muito fiiiiiirme, mas um pouco pitiú. Ih, sumano, paresque já tava passanu da hora.
Fui pra parada esperar o busão e o saco cum as coisas fedênu. Lá, na parada, tinha duas pipira varejeira fazendo graça. Eu pensando com meus botões...ÊEEEE, ela já quer... Mas, veio um Paar-Ceasa sequinho e elas entraram...Fiquei na roça, levei o farelo. O Sacrabala chegou. Veio cheio pra caramba e ainda começou a cair um toró daqueles. Éééégua muleque, pense num bonde lotado. Eu disse: éguaaaaaaaa, vomimbora logo.
No Sacrabala lotado, com o vidro fechado por causa da chuva, começou aquele calor muito palha. Caraca, muito calor. Uma velha estava quase despombalecendo. Daí o velho que tava com ela gritava “arreda aí mininu pra senhora sentar aí, no teu lugá. O menino falou: Hmm, tá... cheroso!...
Depois de muito empurra, empurra, nego passando por trás sem pedir licença, se esfreganu nas dondoca, resolvi andar para a porta de saída. Putaquipá... O busão tava mermo cheio pacas e lá fui eu empurrando e os cara olhando com a cara feia e as madami tapanu o nariz (pô que porcaria fedorenta é essa?) Finalmente cheguei na porta do busão, pronto pra descer. Tava perto da parada. Puxei o sinal. O surdo do motora não parou. Que merda. Aquele um su pódi ser daquelas banda de lá, pensei. Dei mais um puxão no cordão pro bonde parar. Finalmente, depois de uns bons esculacho, o sacripanta do chofer parou. Desci duas paradas depois. E o toró arriando lá fora... Corri pacas. As rua távam alagada pra caramba. Muiiita água! Cheguei em casa todo molhado, com as carça toda sabrecada de lama. Entreguei as coisas pra Dona Mocinha. Fui lá pra baixo da calha. A água tava fria pacas. Assim mermo inda fui lá na baiúca do Nezinho e comprei um litro de açaí pra dá aquele gosto no armoço. Ao chegar, encharcado, cumprimentei o Nezinho: “E aí sumano: acuma é qui as coisa pra cá tão?” – “Tá tudo porreta sumano. Su essa chuva que intrapáia um mucado, mas nós taí na parada”. Quanto é sumano? – “Só cinco pau, mermão”. Falô Nezinho! Depois nóis si fala. Cheguei em casa co’ o açaí. Foi num tapa. Cumemo paca, tudo cum aquela farinha de Bragança... Depois tirei uma soneca na rede, qui ninguém é de ferro, inda mais co’ aquela chuva, n’é?
* Texto baseado em uma mensagem via orkut, da Delma Modesto para a Eunice.
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