domingo, 13 de setembro de 2015

Dorme cidade, dorme - Francisco Vaz Brasil



Dorme cidade, dorme
Francisco Vaz Brasil


dorme cidade
é tarde
agora há silêncio
os bares estão fechados
os manifestantes do ego
já partiram em suas naves
deixando pranto e solidão

as excelsas naves
das trezentas belas morenas
e dos cisnes negros da glória
com seus dentes escarlate
e pele macia, partiram

- há pedras, molotovs
Vidraças quebradas
olvidados nas sujas calçadas
há alguns grunhidos
no frio cárcere
- advoga-se o hálito burguês

dorme cidade
(menino, sê bom)
amanhã será outro dia
lá fora o vento gélido sopra
e os cães ladram nas delegacias

ainda há muito trabalho
para o alvorecer das mudanças...

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