Alice para crianças. Só para
crianças.
Por Tássia Kastner
Porque a história que nos conta o aclamado
diretor é uma narrativa linear, permeada por todos os principais elementos já
consolidados no imaginário popular sobre o que é a história da Alice de Lewis Carroll.
Uma
menina, um coelho branco, um chapeleiro, um gato risonho, rainhas, charadas.
Tudo isso está lá, devidamente organizado. Para Tim Burton, Alice tem 19 anos,
está prestes a ser pedida em casamento, diz que precisa de um tempo para pensar
e sai a perseguir um coelho – aquele coelho que todos conhecemos. O caminho,
como também sabemos, a levará ao buraco “porta de entrada” do mundo que teimava
em existir em seus sonhos desde os cinco anos – primeira vez que estivera no
País das Maravilhas.
A partir daí, muitas cenas de ação,
típicas dos clássicos infantis e infanto-juvenis da Disney. O visual, todos
sabem, enche os olhos, a linguagem 3D é muito bem explorada e sem excessos. A
queda de Alice no buraco é um brilhante jogo de perspectiva e faz o 3D
finalmente ser mais do que uma profusão de objetos saltando da tela em direção
ao espectador.
Quem pouco aparece é o Senhor Tempo, com
exceção da cena do chá, quando à mesa, todos dizem que aguardavam Alice para a
batalha que os libertaria daquele dia em que ela estivera lá pela última vez.
Alice mal sabe que está atrasada. Responde sem dúvidas à pergunta da lagarta
azul: Sou Alice. A charada insolúvel vira quase um bordão repetido ao longo do
filme, e ela não ter resposta já não é uma perda de tempo.
Com um roteiro desprovido da fantasia do original de Carroll, restam apenas as perseguições e as atuações cuidadosamente afetadas de Johnny Depp e de Helena Bonham Carter. Já Tim Burton está ali quase que somente pelas peles pálidas e olheiras, sua herança expressionista, como se o excesso de cores do País das Maravilhas tivesse tirado as formas e a estética que consagraram o diretor. As árvores e seus troncos retorcidos são o que de mais próximo há na linguagem tradicional do cineasta (bem parecido com Noiva-Cadáver, animação de 2005).
Com um roteiro desprovido da fantasia do original de Carroll, restam apenas as perseguições e as atuações cuidadosamente afetadas de Johnny Depp e de Helena Bonham Carter. Já Tim Burton está ali quase que somente pelas peles pálidas e olheiras, sua herança expressionista, como se o excesso de cores do País das Maravilhas tivesse tirado as formas e a estética que consagraram o diretor. As árvores e seus troncos retorcidos são o que de mais próximo há na linguagem tradicional do cineasta (bem parecido com Noiva-Cadáver, animação de 2005).
A beleza do cenário e o uso das cores são
o mais interessante das duas horas de filme. Ainda que não seja o melhor de Tim
Burton, a estética do diretor ainda faz valer o ingresso do cinema. Já o
onírico e fantástico mundo de Alice, esse é melhor buscar nos livros.
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