Todesfuge - Fuga da morte - Paul Celan - (tradução de Ricardo Domeneck)
Leite negro da madrugada que bebemos à tardinha
nós bebemos ao meio-dia e de manhã
nós bebemos à noite
nós bebemos e bebemos
cavamos uma cova nos ares onde possamos espreguiçar-nos
Certo homem habita a casa e brinca
com víboras que escreve
que escreve quando escurece à Alemanha
teu cabelo doirado Margarete
ele escreve e posta-se diante da casa
estrelas chamejam ele assovia conclama seus cães
ele assovia enfileira seus judeus faz cavarem na terra uma cova ele ordena desferi os violinos
agora chacoalhemos os esqueletos
nós bebemos ao meio-dia e de manhã
nós bebemos à noite
nós bebemos e bebemos
cavamos uma cova nos ares onde possamos espreguiçar-nos
Certo homem habita a casa e brinca
com víboras que escreve
que escreve quando escurece à Alemanha
teu cabelo doirado Margarete
ele escreve e posta-se diante da casa
estrelas chamejam ele assovia conclama seus cães
ele assovia enfileira seus judeus faz cavarem na terra uma cova ele ordena desferi os violinos
agora chacoalhemos os esqueletos
Leite negro da madrugada nós te bebemos à noite
nós te bebemos de manhã e ao meio-dia nós te bebemos à tardinha
nós bebemos e bebemos
Certo homem habita a casa
e brinca com víboras que escreve
que escreve quando escurece à Alemanha
teu cabelo doirado Margarete
Teu cabelo cinzento Sulamita
nós cavamos nos ares uma cova onde espreguiçar-nos
Ele grita pás mais fundo no miolo da terra vós e vós cantai e tocai
ele alcança o ferro na cintura
agita-o nos ares seus olhos são azuis
mais fundo com as pás mais alto com os violinos chacoalhemos os esqueletos
nós te bebemos de manhã e ao meio-dia nós te bebemos à tardinha
nós bebemos e bebemos
Certo homem habita a casa
e brinca com víboras que escreve
que escreve quando escurece à Alemanha
teu cabelo doirado Margarete
Teu cabelo cinzento Sulamita
nós cavamos nos ares uma cova onde espreguiçar-nos
Ele grita pás mais fundo no miolo da terra vós e vós cantai e tocai
ele alcança o ferro na cintura
agita-o nos ares seus olhos são azuis
mais fundo com as pás mais alto com os violinos chacoalhemos os esqueletos
Leite negro da madrugada nós te bebemos à noite
nós te bebemos ao meio-dia e de manhã nós te bebemos à tardinha
nós bebemos e bebemos
Certo homem habita a casa teu cabelo doirado Margarete
teu cabelo cinzento Sulamita ele brinca com víboras
nós te bebemos ao meio-dia e de manhã nós te bebemos à tardinha
nós bebemos e bebemos
Certo homem habita a casa teu cabelo doirado Margarete
teu cabelo cinzento Sulamita ele brinca com víboras
Ele grita dedilhai com mais doçura a morte
a morte é especializada na Alemanha
ele grita desferi azuis os violinos e escalai como fumaça aos ares
assim tereis uma cova nas nuvens onde podeis espreguiçar-vos
a morte é especializada na Alemanha
ele grita desferi azuis os violinos e escalai como fumaça aos ares
assim tereis uma cova nas nuvens onde podeis espreguiçar-vos
Leite negro da madrugada nós te bebemos à noite
nós bebemos ao meio-dia
a morte é especializada na Alemanha
nós bebemos à tardinha e de manhã nós bebemos e bebemos
a morte é especializada na Alemanha
seus olhos são azuis
ele acerta teu corpo com balas metálicas acerta na mosca
certo homem habita a casa
teu cabelo doirado Margarete
ele atiça contra nós seus cães
brinda-nos com uma cova nos ares
ele brinca com víboras e sonha
a morte é especializada na Alemanha
nós bebemos ao meio-dia
a morte é especializada na Alemanha
nós bebemos à tardinha e de manhã nós bebemos e bebemos
a morte é especializada na Alemanha
seus olhos são azuis
ele acerta teu corpo com balas metálicas acerta na mosca
certo homem habita a casa
teu cabelo doirado Margarete
ele atiça contra nós seus cães
brinda-nos com uma cova nos ares
ele brinca com víboras e sonha
a morte é especializada na Alemanha
teu cabelo doirado Margarete
teu cabelo cinzento Sulamita
teu cabelo cinzento Sulamita
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