sob a ira do mar
by benoni araujo
a palavra que se desancora & se desafia o que é exposto como destino em nossas mãos é no máximo a possibilidade de um mapa mal rasurado [e quando muito uma bússola!] cabe a nós assumirmos o risco de uma trajetória sinuosa... uma longa caminhada corresponde ao olhar introspectivo da escrita: há expectativas e estas decorrem oclusivas e silenciosas no ser... assim escreve-se porque entre tantas coisas há um silêncio, e prossegue-se nesta escrita porque se persegue este mesmo silêncio... a partir dele estão os sentidos, as memórias, os afetos... não importa o quanto a palavra esteja eclipsada, ela ainda está ali... eis a razão porque continuar; ainda que após auchswitz escrever poesia seja um ato de barbárie [adorno]... ainda que um rio fique completamente seco, há a pedregosidade de algo que nunca se deixa mudo... o pensamento como algo que nos arrasta silenciosamente [um modo outro de buscar esta escrita]. deste silêncio há muito que se falar: a crise da linguagem é mais ainda um motivo pra continuar a escrever... eis mais uma face do silêncio como recolhimento tão necessário à criação [blanchot]... nem tanto uma ou outra língua, mas a correnteza de uma linguagem que nos move o pensamento, a memória e sua siamesa relação com o esquecimento – eis o desafio: o que fazermos com este pensar? resistirmos como testemunha de um naufrágio ou tragédia? esta escrita persevera em direção a uma fronteira... não importa o caos de um tempo em que se está sempre envolvido, respira-se contra & além dessa existência...
benoni araújo, from [sob a ira do mar]
http://benoniaraujo.blogspot.com/2008_10_01_archive.html
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