A LINHA DE PENSAMENTO
DE STEPHEN HAWKING
– Isabela Moreira
As contribuições do físico e cosmólogo para a
sociedade ultrapassam o campo da ciência.
Stephen Hawking é, sem dúvidas, uma das
mentes mais brilhantes da história da ciência. Aos 73 anos, ele fez grandes
contribuições à comunidade científica, com teorias como a do espaço-tempo e do
funcionamento dos buracos negros, a partir das quais conseguiu aproximar o
público de temas que poderiam parecer complexos para muitos.
Você pode conhecê-lo por meio do livro Uma
Breve História do Tempo, da representação feita dele pelo ator Eddie Redmayne
no recente A Teoria de Tudo ou pode ter ouvido falar do cientista por conta de
ele sofrer da raríssima condição esclerose lateral amiotrófica. No entanto, a
produção dele vai muito além.
Separamos oito reflexões a partir das
quais é possível ter uma visão mais profunda da linha de pensamento — e das
contribuições científicas do cosmólogo:
“Deus pode existir, mas a ciência consegue
explicar o universo sem a necessidade de um criador.” Em múltiplas ocasiões,
Hawking afirmou ser ateu. Neste caso, Deus seria uma espécie de limitação, ou
seja, as pessoas só saberiam aquilo que Ele sabe. A diferença entre a religião
e a ciência, de acordo com Hawking, é que a primeira é baseada em uma
autoridade, enquanto a segunda funciona a partir da observação e da razão. “Eu
acredito que o universo é regido pelas leis da ciência”, explica. “A ciência
triunfará porque ela funciona.”
“Acredito que a vida se desenvolve de
forma espontânea na Terra, então deve ser possível para ela se desenvolver em
outros planetas.” Hawking acredita que formas inteligentes, não apenas
microbianas, de vida existem em outros lugares do universo. Tanto que, em julho
deste ano, ele lançou um programa de 100 milhões de dólares cujo objetivo é
buscar uma civilização extraterrestre ao longo da próxima década. A segunda
parte da missão consistirá em compilar uma mensagem para ser enviada para essas
formas de vida. “Não há questão maior. Está na hora de nos comprometermos a
achar a resposta, a procurar vida fora da Terra. Estamos vivos. Somos
inteligentes. Precisamos saber”, disse o físico.
“O desenvolvimento da inteligência
artificial pode ser o fim da raça humana.” Por sofrer de esclerose lateral
amiotrófica, que compromete o funcionamento do sistema nervoso, o cosmólogo
conta com a tecnologia para se comunicar. Especialistas da Intel e da Swiftkey
criaram um sistema que, por meio do teclado de um aplicativo no smartphone,
aprende como Hawking pensa e sugere palavras que ele queira usar em seguida. O
desenvolvimento dessa tecnologia envolve inteligência artificial, o que
impressiona e assusta o cientista ao mesmo tempo.
Para ele, é necessário ter cautela para
não criar uma espécie de Skynet que ultrapassaria a inteligência humana e
substituiria as pessoas. Essa preocupação se estende principalmente ao desenvolvimento de armas autônomas. Em
carta aberta, Hawking e centenas de outros cientistas se posicionaram em
relação às consequência desse tipo de tecnologia. “A tecnologia relacionada a
inteligência artificial chegou a um ponto no qual a disposição desses sistemas
é possível em questão de anos, não décadas, e as expectativas são altas: as
armas autônomas foram descritas como a terceira revolução para as guerras, após
a pólvora e as armas nucleares”, diz o documento.
“A pergunta chave para a humanidade hoje é
se devemos dar início a uma corrida de armas feitas com inteligência artificial
ou se devemos prevenir que ela sequer comece. É só uma questão de tempo até que
elas apareçam no mercado negro ou nas mãos de terroristas e ditadores que
querem controlar suas populações, ou déspotas que desejam fazer ‘uma limpeza’
étnica em seus territórios.”
“A ideia de viagem no tempo não é tão
louca quanto parece.” Em artigo escrito para o Daily Mail em 2010, Hawking
revelou que, por muito tempo, evitou falar sobre viagem no tempo por receio de
ser rotulado de louco. Mas com o passar dos anos, deixou essa abordagem de
lado. “Eu sou obcecado com o tempo. Se eu tivesse uma máquina do tempo, eu
visitaria Marilyn Monroe em seus dias de glória ou iria atrás de Galileu
enquanto ele construia seu telescópio. Talvez eu até viajasse para o fim do
universo para descobrir como a nossa histórica cósmica termina”, escreve.
NOS ÚLTIMOS ANOS, AS VIAGENS NO TEMPO PASSARAM A
SER
UM TEMA RECORRENTE NA FALA E NO TRABALHO DE
HAWKING.
O
físico sugere a existência de uma quarta dimensão. Haveria, além da altura e do
comprimento, um outro tipo de comprimento: o do tempo. “Tudo tem um comprimento
no tempo, bem como no espaço”, explica. Logo, viajar no tempo seria viajar pela
quarta dimensão, uma espécie de portal com o nome de “buraco de minhoca”. “Os
buracos de minhoca estão por toda parte do nosso redor, mas eles são muito
pequenos para que consigamos vê-los. Eles ocorrem em fendas e cantos do espaço
e do tempo. Alguns cientistas acreditam que talvez seja possível aumentá-los o
suficiente para que humanos ou naves espaciais possam utilizá-los.”
"As coisas podem escapar de um buraco
negro, tanto para o lado de fora, como também possivelmente em um outro
universo." Em 1974, Hawking argumentou que os buracos negros, supostamente
campos gravitacionais impossíveis de se escapar, emitem um tipo de radiação
térmica por conta de efeitos quânticos. Chamada de radiação Hawking, quando
emitida em grande quantidade, teoricamente, pode fazer com que o buraco negro
desapareça e que, com isso, a informação sobre o estado físico de um objeto que
cai no buraco negro seja destruída.
Em 2004, o cientista mudou de ideia em
relação aos buracos negros, afirmando que a informação poderia sobreviver ao
ser sugada por eles
Isso aconteceria de acordo com a
relatividade geral. Já sob o ponto de vista da mecânica quântica, essa mesma
informação não poderia se perder. Esse paradoxo tem perdurado pelos últimos 40
anos.
Em 2004, o cientista mudou de ideia,
afirmando que a informação poderia sobreviver. No fim de agosto de 2015, ao
falar da radiação Hawking, o cosmólogo sugeriu uma nova abordagem que pode
mudar para sempre a forma como buracos negros são vistos e discutidos. “Eu
proponho que a informação não é armazenada no interior do buraco negro, como é
de se esperar, mas sim em seu limite, o horizonte de eventos”, disse o
cientista. Basicamente, ao ser sugada pelo buraco negro, a informação passaria
por um processo de tradução, criando um holograma da informação que sobreviveria
e escaparia pelo horizonte de eventos. “Os buracos negros não são tão negros
como os fizemos parecer. Eles não são as prisões eternas que já foram
considerados uma vez”, explicou Hawking.
“Você tem que ter uma atitude positiva e
tirar o melhor da situação na qual se encontra.” O cosmólogo foi diagnosticado
com esclerose lateral amiotrófica quando tinha 21 anos. Na época, a previsão
dos médicos era de que Hawking teria apenas mais três anos de vida — em janeiro
de 2015, completou 73 anos. Ele lida com a doença se focando em atividades
relacionadas com a física teórica, que não exigem seu esforço físico. “A
ciência é uma área boa para pessoas deficientes porque ela precisa
principalmente da mente”, afirma.
"Manter alguém vivo contra a sua
vontade é uma grande indignidade." O suicídio assistido deve ser um
direito dos pacientes de doenças terminais, de acordo com Hawking. O cientista
afirmou, durante um programa da BBC, em junho de 2015, que consideraria dar um
fim à própria vida se sentisse ser um fardo para outras pessoas e não tivesse
mais contribuições a fazer. No entanto, ele admite que ainda tem muito a
oferecer à sociedade. “Nem pensem que eu vou morrer antes de desvendar mais
segredos do universo”, declara.
“Nós somos uma espécie avançada de macacos
em um planeta menor de uma estrela mediana. Mas nós conseguimos entender o
universo. E isso nos torna muito especiais.” O objetivo de Hawking é obter a
compreensão total do universo, como os motivos de ele ser como é e a razão de
ele existir. A dica do cientista para as pessoas é olhar para as estrelas e não
para baixo, para os próprios pés. “Tente encontrar sentido no que você vê, e se
pergunte sobre o que faz o universo existir”, diz. “Seja curioso.”
http://www.cultcarioca.com.br/2017/04/conheca-linha-de-pensamento-de-stephen.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário