Ode ao poeta Mandiba
Francisco Vaz
Brasil
Eis a alma de breu, de um andante,
aprisionada:
Cambaleia pelas trevas do minúsculo quarto
E cai na meditação – tempestuosa flor cactácea
Sobre seu cérebro de plumas,
tece metáforas.
O homem, alquebrado e roto apanha um papel,
Rascunha na dor e na espera os concretos
De uma cidade notívaga y pura. Só ele sabe
Dos tristes e das criaturas radioativas.
Só ele conseguiu construir um cerne do gesso
com argamassa de solidão. E, afinal, está só.
Invade o silêncio pelo pensamentoscópio.
[vocês não sabem o que é sentir-se grosso
como um bife de dura carne].
O quarto é física loucura,
nêutrons e nervos de pura neurose transcendental
- onde pairam a dúvida e a incerteza. E o homem pensa
no que vai pensar. Ele tentou construir um Eldorado
sobre um penhasco de limbo, na esquina do terror.
O compasso cósmico de seus olhos tentam
espetar a lua com a direção de um vetor nulo.
[Construo um foguete de sêmen metafísico
para trazer na garrafa da aurora
umas miligramas de sangue do infinito]
Os olhos de serpentina do menino
entretêm-se com o fundo da escrivaninha
e seus hirtos negros cabelos
embrenham-se em uma taça de sonhos.
A flor com ventre (ou embrião) de manifesto
ergue nas pétalas dúbias, seu estandarte de incertezas;
Seu plúmbeo retrato curva-se no teatro da tristeza.
O menino julga-se justiceiro da manhã e do sorriso
alisa, então, seus bigodes de meio dia...
- E a lua amanhecia oval, com seu espiralado brilho.
Pus-me a contemplar aquela doce treva
[dormia o menino com seus oníricos lírios]
E o homem explodiu a palavra e a ovelha
no espaço cósmico de um andróide
poema...
E extinguiu o apartheid daquela terra chamada sul
e tornou-se líder maior e mudou o destino
daquele plúmbeo quarto, com o mais onírico
dos poemas de amar o amor e ao amor amar...
E, assim, com as flores da liberdade,
Foi-se Nelson, encontrar a paz - prêmio
maior daquele cujo ideal maior foi salvar
seu povo da escuridão e da injustiça.
Dorme menino, dorme. Este escrito é teu.
Uma
simbólica homenagem a você!
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