segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A campanha eleitoral de 2010: Que pobreza!

A campanha eleitoral de 2010: Que pobreza!
                                                    Francisco Vaz Brasil

     Jamais assisti durante toda a minha vida uma campanha eleitoral de tão baixa qualidade. Aliás, as últimas campanhas presidenciais, todas, principalmente as de segundo turno. Tanto para o cargo de presidente quanto ao de governador. São realmente candidatos despreparados e fracos.
      Lembro-me que neste país, para que alguém consiga um cargo de professor, é comum ser exigido um título de mestre ou doutor. Para que se consiga um cargo de médico, engenheiro e outras profissões, é exigido do candidato uma larga experiência anterior. Já, para ser político, candidato a Presidente ou a Governador (e a outros cargos políticos), nada disso é exigido. 
     O que se assiste na televisão aberta, durante a campanha eleitoral, simplesmente enoja a qualquer cidadão são neste país. São acusações, as mais inúteis possíveis. Os debates que acontecem não trazem nada de útil. Os despreparados candidatos não sabem a que vão e durante os tais debates ,nada apresentam de programa de governo ou algo plausível de atenção por parte do público telespectador. Estes candidatos, na realidade, são uma verdadeira vergonha. Uma vergonha nacional. Eles se acusam mutuamente, sem provas cabais, provas estas que se investigadas, poderiam mandar qualquer um para a cadeia por falsidade ideológica ou corrupção.
      Os postulantes a cargos públicos deveriam apresentar, de antemão, um invejável currículo de pós-doutorado, com notória honradez e competência por onde tenham trabalhado. Mas aqui, neste Brasil, isto não acontece. A política nacional é feita por quem tem cacife, muito dinheiro. É feita por grupos econômicos e cada um deles puxando o churrasco pro seu lado. O que se vê são pesquisas capciosas que tentam levar o pobre eleitor a eleger o que tiver a melhor roupa ou o melhor discurso, ou o discurso que carimbe a passagem do adversário para o inferno.
   Vivemos em um país dirigido por pessoas que fazem parte de partidos - que eu não chamo de partido, porque estes partidos não sabem o que é ética, não têm ideologia formada. Os políticos filiam-se ao partido que maior vantagem lhe oferecer, como concorrer a uma vaga nas câmaras ou aos governos.
   Os atuais candidatos vão aos microfones e às câmeras com um discurso pronto nas mãos. Eles não sabem se comunicar olhando no olho de quem lhes assiste. Os tais discursos são previamente preparados por assessores. E sopram, em seus discursos, suas mentiras e seus desejos de ferir o outro, de mostrar um currículo daquilo que jamais foi realmente capaz de fazer valer ou cumprir.
     Tais candidatos deveriam passar por um curso de ciência política, de ciências sociais, de geografia, história, filosofia e sociologia, para poderem ter um mínimo de subsídios para entenderem como funciona um povoado, uma cidade, um país. 
     Vivemos em um país abarrotado de leis e de toneladas de processos entulhados nas prateleiras da justiça. Onde aquele que tem dinheiro tem crédito para matar, roubar, desfilar como o corrupto mais influente em seus carrões e jatinhos. - e nada lhes acontece. Sim, porque aqui, a justiça é feita para ladrões de celulares e galinhas ou para os pobres miseráveis que por falta do que fazer cheiram crack ou vendem  papelotes de maconha e cocaína. Aqui, cadeia é feita para pobre. Aliás, você já viu um ricaço preso, cumprindo pena?
      Vivemos em um país cuja educação é a mais falha do mundo inteiro com milhares de profissionais mal preparados para o exercício de suas funções. Aqui, a educação é um supermercado onde produtos de baixíssima qualidade são oferecidos aos alunos menos favorecidos economicamente. Nossa educação é a que patrocina o mais aviltante salário pago aos seus educadores. É uma vergonha ser Professor neste país!
     Imagine um professor, que se mata criando planos de aula,  se especializando, mantendo-se atualizado, que toma aquele ônibus lotado ou aquele carrinho de quinta mão e se desloca ao estabelecimento onde ministra suas aulas e, lá encontra um local impróprio até para o vagabundo dormir bêbedo e fedendo a cachaça,  com alguns  alunos mal encarados - aqueles que não respeitam pai, mãe  e até a polícia. Coitado... e no final do mês... aquele salário miserável!
      Algo semelhante ocorre com o médico. Este profissional, outrora podia trocar de carro todo final de ano. Hoje, o médico tem que cumprir mil plantões para poder ter um mínimo de dignidade. O médico chega ao seu local de trabalho e, lá fora há milhares de pacientes com as mais variadas mazelas e doenças. As consultas -dadas as condições, devem ser ministradas em poucos minutos. O médico, além de ter que exercer seu trabalho de forma desconfortável, pois as instalações são péssimas e os hospitais públicos não oferecerem as mínimas condições de trabalho - sem o devido aparelhamento - ainda tem que suportar toda a espécie de pacientes e seus mal humorados acompanhantes. No final do mês... aquela vergonha de salário!
     Tenho lido os editais de concursos públicos para médicos e para professores, onde a exigência é grande e o salário é misérrimo. Nestas condições, é melhor o profissional trabalhar como lixeiro, diarista ou ir vender cerveja na beira da praia...
      Vivemos em um país onde praticamente não há saneamento básico. Quando chove é um Deus-nos-acuda, com enchentes e calamidades em todas as cidades, grandes ou pequenas, Brasil afora.
     Vivemos em um país onde a violência cresce de forma muito acelerada e não há mais cadeia que suporte nem um por cento dos delinquentes: as drogas, os assassinatos, os assaltos, sequestros, estupros... e, por que? Po falta de políticas públicas, de empregos dignos.
     Mas estas coisas estão tão antigas que mais parecem com um defunto (ou presunto) na beira de uma calçada qualquer: ninguém liga. Oh, que desumano - ninguém liga pro morto! Nem pro IML! 
     Aqui, bandidos andam de moto portando metralhadoras durante o dia, na maior cara de pau e a população amedrontada se esconde. Os delinquentes infanto-juvenis portam armas, assaltam, matam, estupram e às vezes quando presos, não passam nem uma semana na "casa correcional" e logo estão nas ruas, cometendo outros delitos. E pior: suas fotos não podem ser publicadas em jornais ou revistas - porque os tais direitos humanos e a legislação vigente proíbem. Que beleza!
     Mas, está na hora de mudar isto. Que futuramente os postulantes  a qualquer cargo político, majoritário  ou não, sejam  pessoas capazes, gente de visão, perspicácia. Gente que entenda e perceba onde estão os problemas que mais afligem a nossa gente.
     E que nas próximas eleições as campanhas eleitorais respeitem os eleitores e que não se repitam mais estas imundícies com as quais os atuais candidatos sujam os nossos olhos e ouvidos e torram a nossa paciência por vários e valiosos minutos. Você, por acaso, concorda com isso?

     


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