sábado, 26 de julho de 2008

Cotidiano, por francisco vaz brasil

Cotidiano

francisco vaz brasil

No açougue,

Ah, no açougue

As carnes, como estandartes,

Sorriem ante a agonia

Do meu bolso.

Embaixo, refiladas,

Lágrimas em barras,

Meus olhos estupefatos

Na ente-sala

Os sócios em ócio

Discutem os preços

E os destinos

Enquanto cigarros

Criam cinzas de lembranças.

Na rua os transeuntes

Admiram as vitrines,

enquanto isso, queimam-se

os campos de trigo

inflacionando o preço do pão

há milhões de fêmeas

parindo futuros finados

[nos cemitérios somos

Pacientemente aguardados]

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