Cotidiano
francisco vaz brasil
No açougue,
Ah, no açougue
As carnes, como estandartes,
Sorriem ante a agonia
Do meu bolso.
Embaixo, refiladas,
Lágrimas em barras,
Meus olhos estupefatos
Na ente-sala
Os sócios em ócio
Discutem os preços
E os destinos
Enquanto cigarros
Criam cinzas de lembranças.
Na rua os transeuntes
Admiram as vitrines,
enquanto isso, queimam-se
os campos de trigo
inflacionando o preço do pão
há milhões de fêmeas
parindo futuros finados
[nos cemitérios somos
Pacientemente aguardados]
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