Se você
não tem tempo para praticar um hobby, então você não tem tempo para ser você
mesmo
Por Rebeca Bedone
Um dia você deixou de ser criança. Foi
preciso trabalhar e ajudar com as contas de casa. Você estudou para entrar na
faculdade. Tornou-se independente. Teve filhos. E deixou definitivamente o seu
mundo perfeito para trás, junto com as princesas no castelo e as lutas contra o
Darth Vader. Esqueceu-se daquelas guerras imaginárias em que o herói sempre foi
você.
Você aprendeu que o mundo de verdade é
cruel, e que guerras reais derramam sangue e espalham tristeza. Você se
acostumou com as injustiças do mundo. Também descobriu que nem sempre seria o
vencedor de suas batalhas pessoais.
Sem perceber, às vezes, você vive no
automático. Mas, um dia, pisca os olhos e se assusta com o tempo que passou
rápido demais. Nesse momento de íntima revelação inquieta, você se lamenta.
Chora. Lembra-se de suas derrotas e seus desamores. E percebe que o tempo não
espera para que você se recupere de suas dores.
Porque vivemos apressados. Estressados. O
trânsito caótico é o reflexo de nossas emoções. O sinal está fechado. Abre.
Enquanto você pisa no acelerador para seguir com seu carro, o cara de trás
buzina. Esse ocorrido é irritante. Você volta pra casa sem ânimo. Não é somente
cansaço físico. Há uma angústia acumulada por causa de noites mal dormidas,
refeições puladas que foram substituídas por qualquer fast-food e preocupações
com o orçamento da casa.
Quando as coisas não estão claras dentro
de você, tudo fica nebuloso lá fora. Não é possível olhar para a vida com fé e
boa vontade enquanto você não souber lidar com os seus próprios tormentos. É
preciso sair do túnel extenso e sem luz por onde você tem caminhado em terreno
incerto e curvas duvidosas.
Você precisa mudar o rumo do seu
percurso: a vida não é só trabalhar. Não vivemos somente para pagar contas. Não
é possível que estejamos no mundo só de passagem. Precisamos fazer parte dele,
olhando ao nosso redor e estimulando os nossos sentidos. Quando estamos
felizes, o convívio entre nós fica bem mais tranquilo. Não precisaremos buzinar
na cabeça um do outro por qualquer bobagem.
A maioria das pessoas se assusta com o
que sente. É aí que está o segredo: permitir sentir. Abrir os olhos do coração
e deixar fluir o que vem de dentro.
Como? Praticando um hobby.
Não é preciso ser especialista e nem
querer ser o melhor no que irá desenvolver, só é preciso ser sincero com você
mesmo. Os hobbies que praticamos tornam a vida mais leve, o trabalho mais
prazeroso e os relacionamentos mais sinceros.
Faça jardinagem, pintura ou bordado.
Escreva, cante, dance. Comece a velejar, pedalar ou correr. Transpire.
Desabafe. Invente. Volte a ser criança em seus pensamentos. Resgate a infância
que lhe fazia crer no impossível. Seja o herói de si mesmo. Deixe a alma
repousar tranquila enquanto você encontra luz em seu subterrâneo.
Acredite, o suor tomará o lugar de suas
lágrimas. O silêncio da alma fará música em sua imaginação, acalentando a
inquietude no peito e suas aflições. E a inspiração fará transcender o
sentimento ainda inominado oriundo de seus vazios.
Um dia, o hobby que você pratica deixará de
ser um simples passatempo. Ele será o caminho por onde você deve continuar
seguindo a si mesmo.
http://www.revistabula.com/6575-se-voce-nao-tem-tempo-para-praticar-um-hobby-entao-voce-nao-tem-tempo-para-ser-voce-mesmo/
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