Num 4 de maio, aos 80
francisco vaz brasil
Foi em meados do século passado. Janeiro de 1953. Naquele 26, vi, pela primeira vez meu grande herói e incentivador. Aquele que quando eu era bem pequeno me levava nas costas e nadava muitos metros pelas praias de São Luís. Excelente nadador. um dos melhores que vi dando braçadas em rios e mares, vencendo seus amigos nas apostas que eles faziam, mesmo com um defeito na perna (teve paralisia infantil). Muitas manhãs de domingo levou-me a fazer pescarias. Eu chorava para ir. Quando voltava, alegre por haver fisgado uns peixinhos, estava mais vermelho que os famosos camarões que palmilhavam naquelas marés de minha terra e ele morria de cuidados por mim.
Foi jogador de futebol. Era goleiro - e dos bons. Torcia pelo Fluminense. Tricolor de coração. Foi técnico dos times que organizava. Um vez fui escalado por ele. Fiz dois gols naquele jogo e o deixei muito feliz. Fui chamado de revelação. E ele me realizou.
Um dos melhores linotipistas (você sabe o que é um linotipista?) do norte e nordeste deste Brasil. Sempre requisitado por grandes jornais e gráficas de São Luís e de Belém. Foi amigo de Sarney, de Lago Burnett, de Jackson Lago.
Herdeiro de uma grande área no município de Itaituba - a fazenda Monte Cristo, de lá nada quis (nem podia). Seus pais morreram quando ele era uma criança e, claro, ele não poderia cuidar de tamanha terra. Seus tios assumiram a propriedade.
Ele era um senhor de gosto apuradíssimo. Gostava de bacalhau que fazia questão de comprar na Casa Carioca e, devido à profissão também apreciava um bom vinho, uma boa vodka e, na boemia (quando acompanhava os companheiros de trabalho) uma boa cervejinha.
Ele era um senhor de gosto apuradíssimo. Gostava de bacalhau que fazia questão de comprar na Casa Carioca e, devido à profissão também apreciava um bom vinho, uma boa vodka e, na boemia (quando acompanhava os companheiros de trabalho) uma boa cervejinha.
Um dia conheceu a Mocinha (Dona Elvira). Na época não havia televisão na cidade. Logo eu apareci com os cabelos loiros, pele clara e muito forte. Fui chamado de Alemão. Cresci um pouco e logo acompanhei com ele a vitória da seleção brasileira de 58 por um potente rádio (um Transglobe) e os vizinhos iam para nossa casa para vibrar com as jogadas de Garrincha e Pelé. Brasil, campeão mundial de futebol, pela primeira vez. Depois, em 62, no Chile, deu Brasil, de novo e eu lá, ao lado dele. Ele comprou uma televisão - uma Teleking - 1963. Tanto tempo, mas parece que foi ontem. Ouvíamos "O Direito de Nascer", "Jerônimo, o Herói do Sertão" - era emocionante. Parece que víamos o que nossa imaginação criava ao ouvir a voz e os trejeitos dos personagens e os sons criados pelos contrarregras. E aí veio a TV, preto e branco. E nós assistíamos os seriados "Combate" e "Bonanza".
Deixamos São Luís com destino a Belém. A vida mudou um pouco. Casa alugada. Um monte de irmãos. Ele, sempre esforçado e muito trabalhador. Sempre comprando o bacalhau norueguês da Carioca. Mudei de colégio. Fui para o Dr. Freitas, colégio onde ele, na infância, também havia estudado. E ele sempre me dando incentivo. Lia meus escritos à noite e pela manhã dizia qualquer coisa. Ganhei dois Salões de Poesia no Meira e ele fez questão de ver. Duas Maratonas Intelectuais e ele lá. Quando fui aprovado na FCAP ele me disse para ir buscar um dinheiro com ele, em seu trabalho (na época, na Gráfica Falângola e Editora. (as publicações de lá eram de primeiríssima apresentação e acabamento) para fazer promover a festa, afinal seu filho seria doutor - ele teria um filho engenheiro.
Este senhor, seu Francisco A. de Mendonça Brasil - Meu Pai e Pai de meus 12 irmãos e irmãs, todos vivos - neste 4 de Maio, completaria 80 anos! Saudades!
Que Deus o tenha meu Grande Amigo e Incentivador!
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