segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Judeu diz ter sofrido humilhações em cadeia de SP


Judeu diz ter sofrido humilhações em cadeia de SP
Americano foi preso e afirma que acabou obrigado a tirar barba. Governo nega humilhações e informa que vai apurar o caso.


Do G1, com informações do Fantástico
23/08/09 - 22h12 - Atualizado em 23/08/09 - 22h30
http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1277481-5605,00.html


Causou-me indignação a atitude de alguns policiais paulistas em relação ao tratamento dado a esse judeu. E se ele afirma que sofreu tais humilhações, é porque as sofreu. Não podemos admitir comportamentos tão grosseiros e tanta intolerância. Estes policiais não merecem usar a farda ou o nome da instituição que representam, e, muito menos alguns de seus superiores, porque acataram o que fizeram e, por conta de certos regulamentos, aceitaram com benevolência tal comportamento. O delegado e os policiais responsáveis por tais atos devem ser demitidos da polícia, para o bem do Estado de São Paulo e de seus cidadãos.
Por outro lado, prender o homem apenas porque carregava consigo alguns objetos de alto valor, não são provas suficientes para tais atos. Pergunto: Quantos brasileiros já saíram daqui com pedras preciosas para vender lá fora, para pagar suas despesas de passagem e estadia e jamais foram presos pelas polícias alemãs ou de outros países europeus?
E não reclamem quando brasileiros são maltratados nas alfândegas de outros países. Estão sendo tratados por pessoas de mesma índole dos nossos agentes. Não estamos nos campos de concentração alemães. Estamos no Brasil. Um Brasil civilizado e de cidadãos educados.
Estes policiais, são, na verdade, mais uma vergonha nacional. Não são policiais, são Moleques!
Agora, vamos à notícia veiculada pelo programa Fantástico, da Globo:


Corte de barba feito à força, ofensas à crença religiosa e até insultos nazistas: um judeu ortodoxo denuncia que sofreu humilhações em uma cadeia de São Paulo. O homem, de 56 anos, se diz traumatizado. “Eu fiquei muito mal, pensando no que os alemães fizeram com os judeus 60 anos atrás. Isso é o que eles fizeram comigo agora no Brasil”, desabafa.
Engenheiro elétrico com passaporte americano, ele afirma ter saído da Alemanha no dia 6 de julho, para visitar amigos em São Paulo. Assim que passou pelo desembarque no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, foi preso.
A polícia descobriu que ele carregava no casaco e no colete itens valiosos não declarados, como joias, diamantes e relógios caros. O engenheiro passou três dias detido na Polícia Federal, no Aeroporto de Guarulhos, e foi levado depois para um Centro de Detenção Provisória (CDP). Nele, segundo o judeu, depois de passar por uma triagem, ele teria sido vítima de intolerância religiosa. Ele diz que um carcereiro atirou no chão a quipá - um pequeno chapéu obrigatório para todo judeu ortodoxo. "Ele, então, começou a falar com um colega que estava ao lado, rindo de mim. Depois, eles falaram ‘heil Hitler’", conta. "Heil Hitler", "salve Hitler", é a mais conhecida saudação nazista da época do holocausto. O engenheiro diz que, depois da insultá-lo, os carcereiros encontraram em sua bagagem dois objetos religiosos, o talit e o tefilin, e os atiraram no chão. Os acessórios são sagrados. “Quando uma pessoa se envolve com o talit, nessa hora, ele está lembrando que tem que cumprir os 613 mandamentos de Deus. Quando um judeu coloca o tefilin de manhã, é a conexão dele com Deus”, explica.
Sem barba
Mas o pior ainda estava por vir. “O carcereiro me perguntou há quanto tempo eu tinha a barba. Eu disse que tinha desde que ela começou a crescer. Ele respondeu, então, que a partir daquele dia, eu não ia ter mais barba”, lembra. O engenheiro diz que o puseram em uma cadeira, algemado nas mãos e nos pés. Em seguida, sua barba foi complemente raspada. “Consta na nossa Torá, que é a nossa Bíblia, que é proibido você destruir parte de sua barba. De acordo com a cabala, a parte mística do judaísmo, através da barba, nós recebemos as benções divinas”, explica um rabino. Também foram cortados os cachos que ele mantinha desde que nasceu e que simbolizam devoção a Deus. “Em alguns campos de concentração, o tipo de humilhação que fizeram com os judeus ortodoxos foi cortar a barba e zombar dessas pessoas. Eu vejo isso como um ato antissemita, um ato isolado, mas um ato de desrespeito e humilhação”, afirma o rabino.
Outro lado
A Secretaria de Administração Penitenciária disse em nota que não houve agressões físicas, morais ou psicológicas, mas que vai apurar devidamente o caso. Segundo a secretaria, os presos são tratados de forma padronizada e têm a barba e o cabelo cortados. Com relação ao americano, a secretaria alega ainda que a barba dele era muito longa, na altura do umbigo. “É um procedimento padrão, mas que comporta exceções. Estes agentes praticaram alguns crimes, como abuso de autoridade e certamente o crime de racismo, ao incitar e praticar o preconceito contra a religião, contra a crença e a etnia”, destaca o advogado Augusto de Arruda Botelho. É a mesma opinião do juiz Sergio Mazina Martins, especialista em direitos humanos e presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM). “Você quer impedir o indivíduo de ter determinada barba, determinado cabelo, quando, na verdade, isso para ele faz parte da sua cultura e da sua própria crença religiosa”, aponta. Agora solto, o engenheiro usa barba postiça. Ele espera a Justiça decidir se poderá aguardar o andamento do processo na Alemanha, onde diz viver. E não vê a hora de ir embora. “Quero ir para casa. Espero que eles não façam mais isso com judeus que querem manter sua barba”, diz.

Nenhum comentário: